Sunday, September 27, 2009

A BAIXA NO DIA DAS ELEIÇÕES

Largo do Corpo Santo
Rua dos Fanqueiros
Rua da Padaria
Praça dos Restauradores

Saturday, September 26, 2009

POSTAIS DA BAIXA: quiosque no Cais do Sodré



Mais alguma coisa para instalar no passeio? Ainda lá cabe um carro (dos pequenos), uma barraca de gelados, um mupi da Jcdecaux e um cartaz de propaganda. Sugestões? Isto é que é espaço público com qualidade de vida!

Saturday, September 19, 2009

«O FUTURO DAS CIDADES»


Sou uma coleccionadora de cidades. Prefiro-as à grande natureza, que acho vagamente opressiva. Uma cidade no Outono, quando a gente regressa de férias, é um prazer. Uma cidade são cafés e esplanadas, ruas cheias de movimento, lojas bonitas, lojas abertas fora do horário, transportes públicos de qualidade, variedade da população, imigrantes integrados, jovens moradores, parques e jardins, ruas arranjadas, bicicletas e transportes alternativos, estacionamento adequado, moda de rua, livrarias com cafés lá dentro, restaurantes e bares, museus e bibliotecas, exposições e concertos, teatros e clubes, propostas exóticas e ambiente protegido. Uma cidade tem de ter um jardim em cada bairro, população jovem, crianças e velhos, alegria nas ruas, pequeno comércio, oferta cultural, carros afastados dos centros. Entre outras coisas.

Quando desembarco em Lisboa tenho sempre a sensação de uma apatia que mergulha a cidade nessa melancolia que alguns cantam e que é sintoma das doenças da capital. Desembarcar na Portela num domingo e fazer uma viagem de táxi por Lisboa, a ouvir um relato de futebol aos berros, é uma experiência terminal. Em alto contraste com a chegada a uma capital europeia. A terra de ninguém das Avenidas Novas, o inconcebível monumento a Sá Carneiro no Areeiro, os caixotes vidrados da Avenida da República e da Fontes Pereira de Melo, as árvores sombrias do Campo Grande, o desapego ventoso do Parque Eduardo VII, as lojas fechadas da Avenida da Liberdade, a deserção da Praça dos Restauradores (mais feia do que nunca), o vazio e decrepitude das ruas da Baixa, levam-me a pensar o que terá acontecido durante todos estes anos para Lisboa ter chegado a este estado vil.

Com excepção do Chiado e do Bairro Alto, onde se ouve música e se vêem jovens e não velhos com ar abatido, e da LX Factory (condenada a prazo) toda a Lisboa é uma neura, a neura de que falava Cesário Verde. Quem conhece outras cidades sabe que a cidade é o lugar onde se vê o futuro. Vê-se o que vai acontecer. Em Lisboa vê-se o passado. Em certos domingos, a Lisboa de certos bairros é a Lisboa do tempo de Salazar, a Lisboa das fotografias a preto-e-branco do Estado Novo. A Lisboa da Morais Soares e da Almirante Reis, de Arroios e do Campo Santana, do Conde Redondo e da Duque de Loulé, da Mouraria e dos Anjos, de Alcântara e do Rato (seria possível fazer pior do que o Rato?), da Estrela e da Lapa.

Uma Lisboa silenciosa e posta em sossego, com ruas esburacadas e mal calcetadas, carros estacionados em todos os espaços, velhas que espiam nas janelas, homens que cospem para o chão quando passa a carrinha funerária. E cheiro a chichi de gato, como dizia o Solnado. Com excepção do Chiado, que teve um princípio de esforço de "colonização", e do esforço inacabado do Bairro Alto (graças à visão, entre outros, do empresário Manuel Reis), e do bairro de Campo de Ourique ou das ruas adjacentes à Avenida de Roma, tudo o resto mudou pouco em 35 anos. A Expo melhorou a zona mas não é mais do que um subúrbio de luxo. Os condomínios privados espalharam-se e os centros comerciais também, matando a vida das ruas, eliminando os cinemas, eliminando os cartazes e os néons. Eliminando a vida. Sobram bancos, que matam as fachadas, e medonhos edifícios públicos e escritórios.

A oferta cultural é infinitamente maior e apesar disso a Baixa é um deserto e o Terreiro do Paço uma área de desastre. A Lisboa à beira-Tejo está tomada por monstruosidades e pelo porto, e o metro, esse modo simples e rápido de deixar o carro à porta, anuncia com estalo que irá até às Amoreiras. Daqui a uns anos. Como se fosse uma grande novidade. Os moradores de Lisboa têm mais dificuldade em deslocar-se dentro de Lisboa do que os da Pontinha.

Várias cidades, de Istambul a Edimburgo ou Sevilha, de Dublin a Berlim e Praga, apostaram nos eléctricos rápidos como meio de circulação. A preocupação 'verde' reina. E os novos empreendedores conseguem 'furar' e abrir pequenas lojas e bares, cafés e galerias, cabeleireiros e restaurantes que atraem os jovens, enfeitam as ruas e as alegram.

Lisboa, fora do centro histórico e do parque temático para turistas, não passa de um desolado subúrbio.

Em vez de mais planos megalómanos e estratégias o que Lisboa precisa é de micromanagement. Serviços decentes, transportes 'verdes', proibição de mais centros comerciais e condomínios privados, atracção da população jovem, recolha e reciclagem do lixo, plantação de árvores, incentivos aos novos empresários e comerciantes, regulação do mercado da habitação e escritórios, arquitectura integrada, responsabilidade dos moradores e proprietários no governo dos bairros. Substituir os carros de vez. Será assim tão complicado?

Clara Ferreira Alves

in EXPRESSO, 14 de Setembro de 2009

Fotos: Rua da Madalena e Rua da Padaria

Wednesday, September 16, 2009

Semana Europeia da Mobilidade: LISBOA versus VIENA

«Vienna has passed Zurich to take the top spot as the world’s city with the best quality of living, according to the Mercer 2009 Quality of Living Survey. Geneva retains its position in third place, while Vancouver and Auckland are now joint fourth in the rankings. Overall, European cities continue to dominate the top locations in this year’s survey. In the UK, London ranks at 38, while Birmingham and Glasgow are jointly at 56. In the US, the highest ranking entry is Honolulu at position 29. Singapore (26) is the top-scoring Asian city followed by Tokyo at 35. Baghdad, ranking 215, remains at the bottom of the table.» http://www.mercer.com/

Lisboa aparece na lista das 50 cidades com melhor qualidade de vida na posição 44 (uma das piores na Europa). Mas a capital portuguesa não aparece na lista das 50 cidades com melhor infraestrutura. Porquê? Comparemos a situação dos Transportes Públicos de Lisboa e Viena.

Em Viena (1,6 milhões de habitantes) existem actualmente 30 carreiras de eléctricos no centro da cidade.

Em Lisboa (500 mil habitantes) o Estado nunca mais investiu neste tipo de transporte público desde a inauguração do eléctrico de nova geração entre a Praça da Figueira e Belém em 1995. Esta situação é inédita nas economias desenvolvidas.

Por todo o mundo se está a investir fortemente nos eléctricos. De Paris a Londres e Nova Iorque, várias autoridades metropolitanas estão a investir nos eléctricos porque está provado que é uma das maneiras mais eficazes e económicas de assegurar a mobilidade dos cidadãos e ao mesmo tempo reduzir o impacto negativo dos actuais hábitos insustentáveis de mobilidade centrados no automóvel particular. A instalação de uma nova linha de eléctrico é 10 vezes mais barata que uma linha subterrânea de metro. E enquanto uma carreira de autocarro pode transportar cerca de 8000 passageiros por hora, um eléctrico de nova geração pode transportar entre 30 000 e 40 000.

Considerados estes argumentos, porque razão Lisboa não recebe investimento em eléctricos há quase 15 anos? A apatia do Estado levou a que os veículos privados destronassem o transporte público a uma velocidade galopante. Segundo os dados do INE, a importância do transporte individual na região de Lisboa aumentou de 26% em 1991 para 45% em 2001. E em 10 anos a Transtejo / Soflusa perdeu 40% de passageiros.

Entretanto, o crescimento descontrolado do número de veículos de transporte individual e consequente congestionamento dos arruamentos da cidade (com trânsito e estacionamento), impede o cumprimento de horários. Resumindo, a falta de planeamento e de investimento do Estado Português levou à destruição de uma das maiores vantagens dos transportes públicos: a rapidez.

Apenas o Metropolitano de Lisboa, com cerca de 40 km de linhas, tem registado um desempenho positivo. No entanto a expansão da rede do Metro tem decorrido a passo de caracol e demasiadas vezes com derrapagens de custos. Em 2010 Lisboa terá uma rede de metro com pouco mais de 50km. Em comparação, Viena terá 800 km de linhas de metro em 2010. É por estatísticas como esta que Viena é uma das cidades da Europa com maior qualidade de vida.

Realiza-se, de 16 a 22 de Setembro, a Semana Europeia da Mobilidade, tempo para debater a necessidade da mudança de comportamentos, em particular no que toca à utilização do automóvel particular.

Foto de Pedro Flora

Tuesday, September 15, 2009

Monumento ao Marquês Sá da Bandeira na Praça de D. Luis I









Monumento ao Marquês Sá da Bandeira na Praça de D. Luis I

-estatuária em bronze e pedra em mau estado de conservação
-cantarias em mau estado de conservação
-inscrições em bronze incompletas
-elementos vandalizados com grafitos
-gradeamento artístico em mau estado de conservação
-iluminação obsoleta e inoperacional (focos destruídos)

Esta obra, erguida por subscrição pública e inaugurada em 1884, pede um restauro urgente. Para além deste monumento, de um modo geral todo o jardim apresenta sinais preocupantes de degradação e abandono. O Director Municipal de Cultura, Dr. Francisco da Motta Veiga, foi informado no dia 28 de Agosto de 2009.

Friday, September 11, 2009

Os perigos dos "dispositivos de publicidade" abandonados




A CML foi alertada por nós para o perigo que representava a abandonada «Pastelaria Colonial» na Av. Almirante Reis, 67. Vários elementos do revestimento da fachada deste antigo equipamento de restauração mostravam sinais preocupantes de destacamento (ver fotos). Também o avançado estado de degradação da pala sobre a via pública era muito preocupante. O local regista um intenso movimento de peões (uma saída do Metro mesmo em frente) havia pois que acautelar a segurança de pessoas. Existem sérios riscos de acidente em caso de queda para a via pública da pala e de outros elementos da fachada como os velhos dispositivos de publicidade.

Fomos informados, pela CML, que a remoção de todos estes perigosos elementos está programada para amanhã, sábado, às 8.30.

É urgente fazer um levantamento de dispositivos publicitários abandonados, ou em mau estado de conservação, no eixo Av. Almirante Reis / R. da Palma.

Wednesday, September 9, 2009

«Festas de Lisboa» ou «Festas da Cerveja»?



Todos os anos assistimos a um aumento do peso da publicidade nas Festas de Lisboa. Cada vez mais as «Festas de Lisboa» se assemelham a uma «Festa da Cerveja». As campanhas de marketing estão cada vez mais agressivas, desrespeitando o património da cidade e o perfil das festas populares. Os bairros históricos ficaram inundados de autocolantes, bandeiras, quiosques e outros dispositivos de publicidade das marcas de cerveja. É tempo de reflectir e pensar que «Festas» queremos promover no futuro. O que vi este ano não foi coisa que se recomende. A cidade não pode ficar refém dos patrocinadores. As «Festas de Lisboa» não podem degenerar numa mal disfarçada «Festas da Cerveja».

Fotos: Martim Moniz e entrada do Castelo de S. Jorge

«Festas de Lisboa» ou «Festas da Cerveja»?



Estamos conscientes da importância dos patrocinadores na manutenção de um programa cultural de qualidade nas Festas de Lisboa. Mas é óbvio que são necessárias mudanças, novas regras que disciplinem a publicidade dos patrocinadores.

Segundo a EGEAC, a empresa municipal tem procurado encontrar novas contrapartidas de publicidade com menor impacto na cidade. Para a EGEAC, a pintura de publicidade nas faixas de rodagem de algumas ruas serão visualmente menos agressivas do que, por exemplo, os quiosques que as marcas de cerveja distribuiram pelos bairros históricos. A este propósito, e para que a degeneração das Festas de Lisboa em Festas da Cerveja não continue, há vários problemas a resolver:

- equilibrar o crescente monopólio das marcas de cerveja convidando marcas de vinho. Porque não quiosques a vender vinho português a copo? Históricamente é mais relevante e autêntico pois no passado não se vendia cerveja no Santo António;

- acabar com os intrusivos quiosques de plástico das marcas de cerveja convidando designers para criarem um quiosque para as Festas de Lisboa;

- proibir os milhares de dispositivos de publicidade das marcas de cerveja (copos de plástico, cartazes, bandeiras, autocolantes, etc.) que todos os anos poluem o ambiente urbano dos bairros históricos. Criar formas de publicidade no espaço público menos intrusivas e mais amigas do ambiente;

A cidade deve exigir responsabilidade social aos patrocinadores, sensibilizando-os para os problemas ambientais associados à produção de dispositivos de publicidade em papel e plástico, descartáveis e cujos desperdícios não são recolhidos pelas marcas que os lançam no espaço público.

Fotos: R. da Bica Grande e R. da Esperança, Madragoa

Sunday, September 6, 2009

LISBON: «a louche aristocrat fallen on hard times»



Na edição de 1 de Outubro de 2005 do jornal inglês 'Financial Times', foi publicado um artigo sobre Lisboa que, apesar de a elogiar, continha uma breve mas precisa descrição do estado actual da nossa capital. Transcrevo o primeiro parágrafo do artigo assinado pelo escritor Toby Green:

«I always feel that Lisbon is like a louche aristocrat fallen on hard times, but unable quite to admit it. Dressing up in baroque facades and modernist bridges across the wide Tejo estuary, the residential areas reveal peeling buildings where the balconies are festooned with laundry and the window-frames are chiped. It's the most cosmopolitan and atmospheric of cities, a place that is always surprising.»

Fotos: «Histórico», clama a tela abandonada. Largo do Conde Barão, verdadeiro paradigma do vergonhoso estado actual dos bairros históricos de Lisboa.