Sunday, January 16, 2011

Lisboa gastou 2,5 milhões de euros a promover Baixa-Chiado

In Sol Online (16/1/2011)

«A Câmara de Lisboa gastou mais de 2,5 milhões de euros na Agência para a Promoção da Baixa Chiado, que ao fim de nove anos foi extinta por ter um modelo de funcionamento «pouco operacional».

Na proposta de extinção, aprovada em Dezembro em reunião de câmara, a autarquia lembrava mesmo que «as associações próprias destes segmentos empresariais cresceram e consolidaram-se, como é notório no caso da Associação de Valorização do Chiado e da Associação de Dinamização da Baixa Pombalina, e adquiriram saber-fazer e experiência».

Fundada em 2001, a Agência para a Promoção Baixa Chiado (ABC) precisou de ser relançada a meio dos seus nove anos de existência, em 2006, numa tentativa de lhe imprimir maior dinamismo.

Mas nem a tentativa de equiparar a marca Baixa ao Chiado conseguiu vingar, apesar das transferências financeiras feitas pela autarquia para garantir o funcionamento da estrutura da ABC.

Os concursos de montras de Natal, a tenda gigante instalada na Praça da Figueira e as projecções animadas na fachada do Teatro D. Maria II foram as poucas iniciativas promovidas pela ABC que deixaram a marca da agência.

Durante os nove anos de existência da ABC, segundo os dados que constam nos boletins municipais da autarquia consultados pela Lusa, a autarquia gastou cerca de 2,5 milhões de euros para garantir o funcionamento daquela estrutura, quase metade dos quais nas obras no edifício municipal na Rua dos Douradores onde ela funcionou.

A ABC arrancou em 2001 com um Fundo Associativo Comum Inicial de 84.771 euros, cerca de 40.000 dos quais garantidos pela Câmara de Lisboa, que ainda no ano de criação chegou a aprovar uma transferência de 50.000 euros.

O restante montante do Fundo era garantido pelos outros sócios fundadores: a União das Associações de Comércio e Serviços, a Associação de Restauração e Similares de Portugal (ARESP), a Associação de Dinamização da Baixa Pombalina, a Associação de Valorização do Chiado, o Banco BPI e o Metropolitano de Lisboa.

Além dos 50.000 euros para pôr a agência a funcionar rapidamente, a Câmara de Lisboa teve de fazer obras num edifício municipal para arranjar instalações para a ABC, uma intervenção que custou aos cofres da autarquia mais de 1,1 milhões de euros.

Em 2006 que surge a intenção de relançar o projecto, com mais 250.000 euros transferidos da autarquia e a apresentação de uma campanha que envolvia projecção multimédia na fachada do Teatro D. Maria II e uma tenda gigante na Praça da Figueira durante a animação de Natal.

Por esta altura, a direcção da ABC falava num aumento do número de visitantes da Baixa na ordem dos 15 a 20 por cento, mas admitia que o comércio de rua não estava a atingir um crescimento em vendas proporcional ao aumento de visitantes.

No ano seguinte a autarquia volta a transferir mais de 77 mil euros para a Agência, que ainda marcou a época natalícia com um concurso de montras alusivas à época.

Mas nesta altura já a agência estava sem representante da autarquia, depois da saída de Fontão de Carvalho, na sequência do processo dos prémios da EPUL, uma situação que assim permaneceu entre Fevereiro de 2007 e Abril de 2008, quando o executivo de António Costa decidiu designar para o lugar o director municipal das Actividades Económicas.

A autarquia ainda avançou com mais 50.000 euros em 2008 e com 110.000 em 2009, mas um ano depois, em Dezembro de 2010, é finalmente proposta a extinção da ABC, para a qual o município ainda contribuiu com 80.000 euros, no quadro da liquidação a executar.

Hoje, quase 10 anos depois, a Agência para a Promoção da Baixa Chiado, considerada um dia «imprescindível» para dinamizar o tecido económico do conjunto Baixa/Chiado, reduz-se a um site, ainda consultável. Nas novidades anunciadas está a CasaDecor 2007.

Lusa/SOL»

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