Monday, June 23, 2008

Vem aí 'coisa'?


Antes


Depois


Segundo projecto de Gonçalo Byrne, resume-se a duas coisas, os pontos polémicos do projecto de alterações da 'igreja de nossa senhora dos mercedes' a museu do Banco de Portugal e de numismática:

1. Subida dos alçados laterais do corpo da fachada principal, 'hamonizando-os' com os do corpo a seguir.
2. Remoção das pilastras e do gradeamento junto à fachada principal.

Porquê, Sr. Arquitecto, somar à irremediável descaracterização do interior (já feita e sem apelo nem agravo...), a descaracterização da fachada principal, o único corpo verdadeiramente com algum interesse estético em todo o edifício? Porque não deixá-lo como está, custa muito?

À CML; foi para isto que se propôs suspender o articulado do PDM? Valha-nos D. Sebastião de Carvalho e Melo!

Saturday, June 21, 2008

Uma Câmara a funcionar contra os lisboetas

Um casal que se queria mudar para a Baixa, compra um andar e, ao contrário da generalidade, quer legalizar as suas obras - uma casa de banho, o fecho de uma porta, o abrir de outra de acordo com o projecto original e o desfazer de um conjunto de atrocidades que um antigo comerciante havia infligido ao fogo.
Projecto no IPPAR: aprovado em 20 dias.
Projecto de arquitectura: alguns atrasos, alguns meses... Aprovado.
Projectos de especialidades: ...(1 ano)...
O casal, após cinco meses de silêncio, telefona para a CML. O técnico informa que o processo havia caído no chão da sua secretaria e não sabia quando teria tempo para o enviar para as consultas externas à Câmara. O casal exalta-se e o projectista queixa-se à CML. O técnico, por entre linhas, informa o casal que assim sendo ainda lhes demorará mais tempo...

Esta é uma história sem nomes porque, com a mudança de um ou outro facto e actor pode, eventualmente, ser preenchida por todos os lisboetas que nos últimos dois anos tentaram licenciar projectos na Câmara Municipal de Lisboa.
A menos que se tenha o telefone de um dos vereadores que manda...

Thursday, June 19, 2008

A exposição está muito bonita e bem organizada, sim senhores,


Mas gostava que prestassem atenção (não só às palavras de José-Augusto França que, coitado, fala para o boneco, porque ninguém entra na câmara escura para o ouvir...) àquilo que salta imediatamente à vista na exposição, para além, obviamente, da monumentalidade do molde da estátua de D.José da 'Sala do Gesso' (alguém a meu lado pensava que era uma segunda estátua...), ou da maqueta trazida do Palácio Pimenta, e que é, claro, a série de gravuras e fotografias expostas:

O Cinema Eden foi demolido por vontade da CML. O Mercado da Praça da Figueira foi demolido por vontade da CML. O Chiado Terrasse foi transformado em sucursal de seguros por vontade da CML. O elevador do Largo da Academia de Belas-Artes foi desmontado por vontade da CML. O terminal do Elevador da Glória foi demolido por vontade da CML. Agora, parece que os queriam a todos de volta. Pois é, agora é tarde. Por isso:

POR FAVOR, que a CML esteja atenta a coisas como a linha de mansardas pombalinas (essencialmente às de Mardel), ao Cinema Odéon, à cumeada da Cotovia, à integridade do Campo das Cebolas, ao edifício do antigo celeiro pombalino (Alfândega), aos eléctricos que é precisamos ter de volta, ao Bairro Alto (e aos projectos que todos os dias avançam na CML, pé ante pé), à Doca Seca, ao Arsenal, ao Corpo Santo, a São Paulo, etc., etc.

Por favor, APRENDAM com os erros do passado (recente e longínquo!) de modo a que não mais desapareçam coisas que já não voltam, mas que também não mais apareçam coisas como as sedes das agências europeias do Cais do Sodré, ou esventramento de subsolo e derrube de árvores para estacionamento.

PS- A Estátua de D.José e o Arco da Rua Augusta estão uma vergonha. Mais acima, no Rossio, é preciso corrigir o poço de ventilação do Metro, que é outra vergonha ainda MAIOR (e, já agora, façam o mesmo ao da Rua do Arsenal, que esse nem sequer dá para os peões passarem no passeio...). E não é preciso suspender nenhum artigo do PDM para avançar!

Foto

POSTAIS DO CHIADO: buracos, urina e um vaso de flores






1- Rua Nova do Almada, 47: puro desleixo, ou manifesto de um munícipe com sentido de humor?
2- Rua Nova do Almada, 2: esquecimento imperdoável, ou o mais importante era inaugurar o novo sinal?
3- Rua Serpa Pinto, 15: urinol medieval, ou nova instalação entitulada "calçada portuguesa tingida de urina"?
4- Rua Ivens, 68: ratoeira para peões, ou a crónica sinalização municipal "Volto Já, mas não sei quando"?
5- Calçada do Sacramento, 11: desmazelo da Emel, ou "já não trabalhamos aqui"?

Wednesday, June 18, 2008

O Hotel Internacional foi renovado!


(projecção do site)



(foto CML durante as obras)



(Foto antes da obra)


De medíocre hotel, que vivia da fachada, do passado ilustre e da fabulosa localização, eis que o Internacional vira design hotel. A fachada está recuperada e as portas e janelas também. Foi subido o telhado, aberta uma janela e colocado um corrimão (tudo talvez para colocação de ar-condicionado), mas não choca. Espero que o interior esteja com gosto, e que a porta de entrada do hotel seja outra que não aquela horrorosa que lá esteve até às obras começarem. Infelizmente, o horroroso balcão do BES mantém-se, o que é uma pena, pois aquele hotel merecia um restaurante e esplanada em plena Rua Augusta; enfim, ficará para outra ocasião...

BAIXA: Vamos aprender com um plano que tem 250 anos


«Lisboa estava destruída, mas um grupo de arquitectos e urbanistas pensava já no futuro: em 1758, três anos após o terramoto, já havia um novo plano para a cidade e o Marquês dava luz verde à reconstrução da Baixa. Passaram 250 anos. Uma exposição no Terreiro do Paço desafia-nos agora a pensar a cidade à luz desse plano.

Ainda a população de Lisboa não tinha recuperado do terrível choque do terramoto de 1755, seguido de um maremoto e vários incêndios que destruíram grande parte da cidade, e já Manuel da Maia tinha prontos os desenhos do que poderia ser a nova cidade moderna. Em Abril de 1756, cinco meses depois da tragédia, o engenheiro-mor do Reino apresentava ao poder a sua proposta. "Ele tinha passado a vida toda a trabalhar sobre Lisboa, e naquele momento percebeu que o poder político estava disposto a avançar", explica Walter Rossa, que é, com Ana Tostões (ambos especialistas em História da Arquitectura), um dos comissários da exposição 1758 - O Plano da Baixa Hoje, que é inaugurada hoje no Pátio da Galé, Terreiro do Paço, em Lisboa, onde fica até 1 de Novembro (o design é do atelier de Henrique Cayatte).

Estão criadas as condições para aquele que será "o primeiro plano consequente da história do urbanismo mundial que conjuga três componentes: o desenho, a legislação específica e um sistema de financiamento". Estava aberto o caminho à construção da Baixa Pombalina. Passaram 250 anos desde que, a 12 de Junho de 1758, surgiu o diploma com o plano para a reconstrução do centro da cidade, assinado por Eugénio dos Santos e Carlos Mardel a partir da proposta de Manuel da Maia. A data é o pretexto aproveitado pela câmara municipal para apresentar esta exposição e relançar o debate sobre o que fazer da Baixa, numa altura em que o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, quer avançar rapidamente com o projecto de revitalização da zona.

Dentro do Pátio da Galé podemos, literalmente, caminhar sobre um mapa de Lisboa, e perceber as linhas traçadas há 250 anos pelos engenheiros e urbanistas e a forma como a cidade absorveu, e adaptou, esse plano. E isso ajuda-nos a perceber o que é essencial no desenho original da Baixa, e o que não é. Ou, resume Walter Rossa, "o que é que se pode transformar e o que é que tem que se preservar".

Plano elástico e resistente
"Esta não é uma exposição sobre história ou arquitectura, é sobre urbanismo", sublinha Ana Tostões. E mostra, segundo a comissária, que "o plano de 1758 é tão elástico e tão resistente que ainda hoje o vemos", apesar do que lhe fomos fazendo por cima, e dos "corpos estranhos" que nele fomos introduzindo. E "corpos estranhos" são, por exemplo, "tudo o que se acrescentou à frente da Praça do Comércio", todos os aterros que aí foram sendo feitos. A diferença entre o passado e o presente fica clara numa enorme fotografia dos anos 30, em que se vê como o rio chegava até junto da praça, que era fechada do lado esquerdo, não havendo obviamente circulação de automóveis. Curiosamente, lembra Walter Rossa, o próprio Terreiro do Paço é um aterro - já o era no século XVI e foi duplicado com o plano pombalino. Mas o que este plano nunca previu foi que o trânsito passasse por ali, cortando a praça do rio, como acontece actualmente.

"Coragem" - é esta a palavra que Manuel Salgado utiliza para explicar que, se queremos "pôr a bater de novo o coração de Lisboa", têm que ser tomadas "uma série de medidas para reduzir o número de veículos que circulam nesta zona". Uma das razões que muita gente invoca para não querer viver na Baixa é, segundo o vereador, o excesso de ruído e a poluição no ar, duas consequências da enorme quantidade de carros que por ali passam todos os dias. Outro "corpo estranho", prossegue Ana Tostões, é o chamado "quinto alçado" - os acrescentos e transformações que foram feitos em muitos edifícios da Baixa, alterando formas e volumetrias. Outra transformação, mais invisível mas igualmente preocupante, é, diz Walter Rossa, o desaparecimento, em alguns edifícios, do sistema de gaiola (uma maqueta dessa gaiola pode ser vista na exposição, mas curiosamente não existem contratos nem desenhos originais que nos ajudem a traçar a origem da gaiola), que permite que, em caso de terramoto, os prédios se desloquem em conjunto, evitando o desmoronamento. Como este sistema tem uma lógica de quarteirão, se é retirado de um dos prédios (geralmente para tornar as paredes mais estreitas e assim ganhar espaço), isso afecta toda a estrutura. "É como dançar cancan", explica Walter Rossa, "se uma pessoa que não sabe dançar entra no grupo, as outras, que estão coordenadas, chocam com ela e caem todas". Há, portanto, várias razões para se manter a lógica de quarteirão na Baixa, tal como prevista no plano de 1758, defendem os dois comissários. Por outro lado - e agora é já Manuel Salgado a falar - é preciso modernizar os edifícios, para atrair empresas e moradores. "Estamos já a trabalhar para ver o que pode ser feito em cada um dos edifícios", afirma o vereador. "Como podemos aumentar a resistência aos sismos, aos incêndios, oferecer mais condições de conforto." Numa zona em que há muitos moradores idosos, pode-se estudar, por exemplo, como integrar elevadores nos edifícios.

Cinco dos desenhos velhinhos de dois séculos e meio com as primeiras propostas de Manuel da Maia estão em exposição no Pátio da Galé, numa sala "presidida" pelo retrato imponente do Marquês de Pombal, símbolo da vontade política de reconstruir uma cidade a partir do zero - tinha havido na Europa outros exemplos de catástrofes mas nunca se tinha ido tão longe como se foi em Lisboa. Os governantes "aproveitaram o estado de choque das pessoas, o que lhes permitiu ter ideias mais ousadas", explica Walter Rossa.

Sala negra e misteriosa
Hoje a situação é diferente. Não houve um terramoto. Mas a Baixa foi resvalando, lentamente, para uma situação de abandono e decadência. E para a tirar daí é também preciso vontade política. Manuel Salgado sabe disso: "O plano por si só não chega. Um dos aspectos mais importantes há 250 anos é que houve medidas administrativas e financeiras que tornaram possível a concretização das ideias." Na exposição, isso é mostrado com humor. Depois da sala em que estão expostos os cinco projectos de Manuel da Maia (o sexto, que veio a dar origem ao plano de 1758, desapareceu) entramos numa outra sala completamente negra. "Isto representa os dois anos, entre a proposta de 56 de Manuel da Maia e o plano de 1758, em que não sabemos exactamente o que aconteceu e se calhar nunca viremos a saber", explica Walter Rossa. É o período em que se aplica uma legislação "violenta" para ultrapassar problemas de direitos de propriedade, em que se fazem negócios menos claros, mas indispensáveis para criar as condições que permitiram avançar com a construção da Baixa. Mais tarde, durante o romantismo, a Baixa, com as suas linhas direitas e lógica "a regra e esquadro", foi frequentemente mal-amada. Dizia-se, lembra Ana Tostões, que tinha uma "monotonia que gela".

A zona enfrenta uma "travessia do deserto", mas, ao mesmo tempo, o plano inicial vai-se humanizando, permitindo que se abram praças, que surjam cafés, lojas, comércio, teatros como o São Carlos e o D. Maria II. Cria-se, desde o início, uma diferença entre a Baixa e o Chiado - este, com "um desenho mais livre, mais arejado, é apropriado pela burguesia endinheirada e mais vocacionado para a habitação", afirma Walter Rossa, enquanto a Baixa é sobretudo o centro económico, comercial, político. Características que se mantêm hoje. "Continuamos a ter aqui os elementos principais de um centro financeiro, com o Ministério das Finanças, o Banco de Portugal e a estrutura central de outras instituições financeiras", frisa Manuel Salgado. Mas há também "muitos espaços inutilizados, vazios, onde é possível instalar pequenas e médias empresas. Para isso temos que melhorar as condições de acesso, de telecomunicações, prevendo sistemas modernos, fibras ópticas, por exemplo, que a Baixa neste momento não tem". A isto, defende o vereador, devem somar-se instituições culturais (o novo Museu do Design e da Moda, na antiga sede do BNU, ou o Museu do Banco de Portugal na Igreja de São Julião) e, nos pisos térreos do Terreiro do Paço, locais para exposições, cafés, restaurantes.

O Pátio da Galé - onde agora pode ser vista a exposição sobre o plano da Baixa - poderá vir a transformar-se num núcleo do Museu da Cidade ligado à reconstrução pós-terramoto, admite Salgado. "Uma estrutura que em permanência dê a conhecer o que foi esta extraordinária epopeia." Foi há 250 anos que um grupo de homens fez, pela primeira vez, um plano que via Lisboa de uma forma integrada, e reconstruiu, pela primeira vez, uma cidade moderna por cima dos escombros de uma cidade antiga.»

Por Alexandra Prado Coelho, hoje no Público
FOTO: prédio pombalino para venda na Rua do Ouro

Tuesday, June 17, 2008

Plano urbanístico de 1758 vai ser relembrado em exposição

In Notícias da Manhã (17/6/2008)

«A Câmara de Lisboa apresenta hoje uma exposição para assinalar os 250 anos do plano urbanístico da Baixa, zona nobre da cidade que a autarquia pretende revitalizar e para a qual está a elaborar um Plano de Pormenor.
A mostra «Lisboa 1758, o Plano da Baixa hoje», que marca os 250 anos do plano urbanístico de Eugénio dos Santos e Manuel da Maia que se seguiu ao terramoto de 1755, vai ficar patente até dia 1 de Novembro no Pátio da Galé, no Terreiro do Paço. (...)»

POSTAIS DA BAIXA: Rua da Madalena / Rua de São Julião - III




Estacionamento, totalmente em cima do passeio, e em frente da saída do passadiço "temporário" na Rua da Madalena torneja Rua de São Julião. Se um cidadão em cadeira de rodas... ou um cidadão invisual? A Baixa ainda não é para as pessoas.

POSTAIS DA BAIXA: Rua da Madalena / Rua de São Julião - III





Só há uma palavra para descrever o estado em que se encontram os passeios e passadiço "temporário" (já lá vão cerca de 8 anos...) na envolvência deste imóvel abandonado:

LIXEIRA ILEGAL

Uma lixeira ilegal muito completa pois até tem lixo tóxico e perigoso para a saúde pública.

Monday, June 16, 2008

"UM PLANO COM 250 ANOS E AINDA ACTUAL"

Exposição celebra projecto urbano aprovado em 1758

A Câmara Municipal de Lisboa tem presentemente em elaboração um plano de pormenor para a revitalização da Baixa, e, há 250 anos, em Junho de 1758, era publicado o diploma com o plano para a reconstrução do centro da cidade. A coincidência temporal destes dois momentos foi aproveitada pelo município da capital que, a partir de quarta-feira, inaugura a exposição "Lisboa 1758 - o Plano da Baixa - Hoje".

Os arquitectos Walter Rossa e Ana Tostões, comissários científicos da mostra, são unânimes ao sublinhar a inovação e o carácter vanguardista que aquele instrumento de gestão representou para a época e destacam ainda a sua modernidade, a 250 anos de distância. " O plano-piloto da Baixa-Chiado foi, na história de Lisboa, o primeiro instrumento consequente de planeamento, desenho e projecto urbano integrados." Rosalia Vargas, vereadora da Cultura, defende: "É preciso dar a conhecer este plano e a sua relevância nacional e internacional, até agora desconhecida. Na exposição há também uma sala dedicada ao plano de 2008, sobre o qual as pessoas podem fazer reflexões e sugestões."

Manuel Salgado, vereador com o pelouro do Urbanismo, considera o plano-piloto "extremamente actual. Agora que estamos a elaborar o plano de pormenor de 2008, o que vamos fazer é introduzir conforto, habitabilidade e trazer nova vida à Baixa. De resto, não estamos a inventar nada. Retomamos o plano de 1758 e adaptamo-lo às necessidades actuais. O desenho das praças, das ruas, das fachadas, esse, continuará o mesmo."

E a Baixa do futuro continuará na mesma, decadente? Salgado diz que não. "O nosso objectivo é trazer-lhe vida, assente neste rácio: um terço de habitação, um terço de comércio e um terço de serviços. E haverá espaço para outras actividades como as da área cultural", acrescenta. Nos anos subsequentes à catástrofe de 1755, o Marquês de Pombal e os engenheiros militares (Manuel da Maia, Eugénio dos Santos, Carlos Mardel) aproveitaram a oportunidade para desenhar um novo centro a régua e esquadro, com o característico traçado ortogonal das ruas e a rigidez racionalista do quarteirão.

"Foi um processo com princípio, meio e fim. E concretizou-se", sublinha Manuel Salgado. "Este foi um plano integrado, que conseguiu regular o sistema fundiário, estabeleceu regras sobre a propriedade, ordenou o espaço público e os seus usos, hierarquizou ruas, definiu prazos e foi ao pormenor dos regulamentos e dos desenhos, sobre fachadas, infra-estruturas e técnicas construtivas", acrescenta. A conjuntura que rodeou o plano pombalino era especial: "Havia projecto, desenho, medidas administrativas e políticas de financiamento", conclui Salgado.
In DN(16/6/2008)


A edição impressa incluía um artigo sobre a criação do museu pombalino em que são apontadas duas possíveis localizações: o museu da cidade no campo grande ou uma localização na baixa.

POSTAIS DA BAIXA: Rua da Madalena / Rua de São Julião - II




Imóvel abandonado e em avançado estado de degradação (o interior já ruiu) no gaveto formado pela Rua da Madalena e Rua São Julião - pertence ao quarteirão da Igreja da Madalena.

Foi emparedado e revestido de telões (até admira não ter lá a foto do Ronaldo ou do Figo com uma garrafa de cerveja na mão...) no início do mandato do ex-presidente da CML, Pedro Santana Lopes. Fazia parte da grande operação de marketing de que foi vítima a Rua da Madalena. Mas nada foi feito desde essa altura. Mas mesmo nada, nem sequer a manutenção mínima da estrutura e dos passeios na envolvência. Já a seguir, alguns detalhes para denunciar os problemas que os munícipes, e turistas, têm de enfentar sempre que precisem de passar por este local...

POSTAIS DA BAIXA: Rua da Madalena / Rua de São Julião



Uma viatura abandonada, muito degradada e sem matrícula.

Nada de novo na nossa cidade. Quem não tem um exemplo destes perto de si?

O que faz desta viatura um caso, talvez notável, é a sua localização:

Rua de São Julião, 11 (junto do cruzamento com a Rua da Madalena)

Exactamente na outra ponta deste arruamento encontramos o edifício dos Paços do Concelho. Os escritórios da SRU-Baixa Pombalina situam-se também nesta rua. Perto, na Praça do Comércio, existe uma esquadra da Polícia. E a meia dúzia de metros de distância está a sede da Junta de Freguesia de São Nicolau.

Mas não estamos perante a única viatura abandonada nesta parte da Baixa. Nem é este o único problema. Na verdade, este último sector da Rua de São Julião encontra-se muito esquecido e degradado, como veremos já a seguir...

EXPOSIÇÃO: Lisboa 1758, o Plano da Baixa hoje


«Entre 12 de Maio e 12 de Junho de 1758, uma série de decretos reais definiram o desenho urbano e arquitectónico, as regras administrativas e a engenharia financeira da renovação da Baixa de Lisboa, na sequência da sua destruição pelo terramoto de 1755. Este conjunto codificado de regras urbanísticas muito precisas constitui, provavelmente, o primeiro plano urbano em sentido moderno. Acresce a particularidade de ter sido concretizado.

Comemorando os 250 anos do plano de Lisboa de 1758 e com o fim de dinamizar o debate em curso sobre a reabilitação da Baixa de Lisboa, a Câmara Municipal de Lisboa decidiu promover a realização de uma exposição de grande escala onde o processo urbano de reconstrução do seu centro pós-1755 será apresentado ao grande público e aos especialistas.

A exposição organizar-se-á em três secções principais:

1) contextos e antecedentes;

2) o plano de 1758 em todas as suas perspectivas e características, com especial relevância para as questões metodológicas;

3) a evolução da área-plano da Baixa entre a 2ª metade do sec.XVIII e a actualidade, na qual se expõe a estratégia delineada pelo actual executivo para a revitalização da Baixa, baseada na implementação de medidas urbanísticas de fundo e pelo desenvolvimento de projectos âncora.

Esta mostra será inaugurada no dia 18 de Junho, às 18h00, e aberta ao público no dia 19, no Páteo da Galé (Praça do Comércio), estando patente até ao dia 1 de Novembro.»

Horário da Exposição: todos os dias das 11h00 - 19h00

Co-organização: Câmara Municipal de Lisboa / Associação de Turismo de Lisboa Comissários: Ana Tostões, Instituto Superior Técnico, Lisboa; Walter Rossa, Universidade de Coimbra

Design da Exposição: Atelier Henrique Cayatte
Fonte da informação: www.cm-lisboa.pt

Friday, June 13, 2008

FERNANDO PESSOA: 120 anos do nascimento do poeta


Fernando Pessoa nasceu no dia 13 de Junho de 1888 no 4º andar do número 5 do Largo de São Carlos, no Chiado.

Como é típico dos políticos da nossa cidade, foi hoje inaugurada mais uma estátua ao poeta. Sim, mais uma estátua, e novamente no Chiado! Já não bastava a embaraçante falta de dignidade do tonto 'boneco' sentado na esplanada da Brasileira, qual 'Palhaço' da MacDonalds, agora temos outro. Desta vez o novo 'boneco' foi pomposamente instalado no Largo de São Carlos, mesmo em frente do prédio onde o poeta nasceu!

Como é tão mais fácil comemorar datas e pessoas de mérito com mediocres monumentos e placas. Exemplo disto foi dado pelo anterior executivo quando montou dois 'bonecos', em puro estilo "ET", no largo fronteiro à Igreja de São Nicolau chamando-as depois de "Monumento ao Calceteiro"! Por este andar vamos ficar com todos os largos e praças da Baixa-Chiado infestadas com 'bonecos' de gosto e sentido duvidoso.

O que teria preferido o poeta Fernando Pessoa?

Quanto aos calceteiros de Lisboa, sabemos bem o que preferiam...

Thursday, June 12, 2008

ANTIGO 'CHIADO TERRASSE' FAZ HOJE 100 ANOS


O antigo cinema CHIADO TERRASSE, na Rua António Maria Cardoso, faz hoje 100 anos. Lisboa precisa de lembrar esta data e aproveitar a ocasião para lançar um debate sobre o futuro desta esquecida mas pioneira sala de cinema.

De facto, o bairro do Chiado está intimamente ligado aos primeiros passos do cinema em Portugal. Foi na Rua do Loreto que se inaugurou o primeiro espaço dedicado exclusivamente aos espectáculos de cinema, o popular Salão "Ideal". As suas portas abriram ao público em 1904 por iniciativa do industrial Júlio Costa, proprietário da empresa de filmes "Ideal".

Foi na sequência desta tradição que se inaugurou o CHIADO TERRASSE a 12 de Junho de 1908, na Rua António Maria Cardoso (antiga Rua do Tesouro Velho). Era um Animatógrapho ao ar livre como se pode perceber pela noticia publicada na véspera da sua inauguração oficial:

"Chiado Terrasse: A novidade da semana é a inauguração do novo animatógrapho, ao ar livre, da rua do Thesouro Velho. Os proprietários do Chiado Terrasse contractaram uma excelente orquestra de distintos professores, para que todas as noites ali haja um magnífico concerto musical. No dia da inauguração, que só se realiza amanhã, apresentam-se sete quadros novos em Portugal. O prazível recinto será profusamente iluminado a luz eléctrica, devendo produzir óptimo efeito."
(in O Século, 11 de Junho de 1908, página 3)

O CHIADO TERRASSE, propriedade de Albino José Baptista sendo secretário Sabino Correia Jr, era destinado a um público mais aristocrata, uma vez que os espectadores dispunham de um serviço de restaurante. Foi o primeiro "cinema", especialmente construido para o efeito, em Lisboa. Transformou-se desde o início numa das mais importantes salas de Lisboa, pelas suas instalações, pelos seus programas, pela sua variedade, não esquecendo o êxito do animatógrafo "falado".

Em 1910, iniciam-se obras de melhoramento na sala, construíndo ainda um espaço exterior, que se designou por esplanada, funcionando como mais um elemento de atracção. Em 1911, o arquitecto Tertuliano de Lacerda Marques (1833-1942) redesenhou a fachada, em gosto mais erudito, fim-de-século. A partir de 1916, os responsáveis deste espaço passaram a ser António Augusto Tittel e Alberto do Valle Colaço. Começam logo por fazer transformações no edifício, dando-lhe o aspecto exterior que manteria até ao seu encerramento, bem como a construção de um pequeno palco, que seria utilizado mais tarde por uma companhia de revista. Pouco tempo depois, mudou novamente de mãos, passando para a responsabilidade de Arthur Emúz. Em 1921 passou a apresentar também números de variedades. Nos anos 30 foi remodelado internamente, em desenho Art-Deco.

Em 1972 o CHIADO TERRASSE cessa actividade e no final da década um projecto para transformação do cinema em edificio de escritórios conduz à lamentável demolição dos interiores.

O grupo Caixa Geral de Depósitos, actual proprietário do antigo CHIADO TERRASSE, poderia dar o exemplo libertando o imóvel da sua actual ocupação terciária, devolvendo-o assim à cidade, ao Chiado. Seria necessário realizar um novo projecto de interiores porque, do imóvel original, já pouco resta para além da fachada de 1911 do arquitecto Tertuliano Lacerda Marques.

Apesar do Chiado ter sido o berço das primeiras salas para espectáculos cinematográficos da capital, actualmente não existe, em toda a Baixa-Chiado, qualquer sala de cinema. Mas para o desenvolvimento sustentável do Chiado enquanto bairro de cultura será essencial a existência de uma sala de cinema.

Que o CINEMA volte ao Chiado!

O Centro Nacional de Cultura está a organizar uma série de eventos para comemorar o centenário do antigo CHIADO TERRASSE.


FOTO: o Chiado Terrasse em 1911 por Joshua Benoliel (Arquivo Fotográfico Municipal)

Jornadas sobre "A Cidade Pombalina" (5)

Finalmente, do que vi e ouvi, a palestra do Dr. Carlos Franco, sobre «A casa nobre em Lisboa, na 2ª metade do Séc. XVIII». Mobiliário, decoração, novos hábitos sociais, sala de música, sala de fumo, a presença da mulher, a disposição das divisões, etc. Utilíssima, como enquadramento de tudo o resto.

Jornadas sobre "A Cidade Pombalina" (4)

O tema da Arqª Ribeiro dos santos, 'Os Planos de Reconstrução', também foi muito interessante, muitíssimo, mesmo, com a projecção das variadas plantas, até que se conclui que a planta original não é original, muito menos é a do plano final que foi levado por diante, pois deve ter desaparecido no Brasil, ou nalgum antiquário, quando D.João VI se refugiou por terras de Vera Cruz.

Wednesday, June 11, 2008

Qual será o quarteirão adjacente?


A notícia saiu há dias mas ninguém deu muita importância ('será mais do mesmo', perguntam-se as pessoas), mas parece haver uma certa confusão quanto ao quarteirão adjacente (adj. 2 gén., confinante, vizinho, próximo, contíguo a). A ver vamos, pois, qual dos quarteirões será; quando será a intervenção e ... que tal começarem por colocar algumas 'incubadoras' de algumas indústrias criativas?

Tuesday, June 10, 2008

ROUBO DE AZULEJOS EM PLENO ROSSIO



Mais um caso, de entre muitos (demasiados!), de pilhagem de azulejos pombalinos no espaço da entrada e das escadas de um prédio na Baixa. A vítima que aparece nas fotografias é o número 18 da Praça D. Pedro IV.

Neste imóvel funciona uma pensão que mantém a porta de entrada do prédio aberta 24 horas...
Quando finalmente o Estado Português entregar o dossier final da candidatura da Baixa Pombalina a Património Mundial da Humanidade, quantos interiores originais teremos para mostrar ao mundo?

A CML, através da Unidade de Projecto da Baixa-Chiado, já foi alertada.

MUSEU DO CHIADO: uma 'Revolução Cinética' por favor!


O projecto de expansão do Museu do Chiado / Museu Nacional de Arte Contemporânea, voltou a ser falado. Mais uma vez se refere a saída do Governo Civil de Lisboa para que o museu possa conquistar o espaço que tanto precisa para se afirmar como museu nacional. Mas o plano de expansão fisica do Museu do Chiado já tem mais de 15 anos (já é falado práticamente desde o dia da inauguração das actuais instalações). Será que é desta que vamos ter um verdadeiro Museu Nacional de Arte Contemporânea? Ou será preciso uma revolução para "desalojar" o Governo Civil de Lisboa?

Como cidadão, vejo com muita preocupação o longo esquecimento a que foi votado o projecto vital de alargamento das suas instalações.

Como é possível um museu público, nacional, e que vai fazer em breve 100 anos de existência, continue práticamente com o mesmo tamanho que tinha à data da sua inauguração em 1911?
Em 1911 o país tinha 6 milhões de habitantes mas hoje somos mais de 10 milhões.

Lisboa deve ser a única capital da comunidade europeia onde tal absurdo pode ocorrer.

Mas o Museu do Chiado está de parabéns pelo bom trabalho desenvolvido nas últimas décadas, apesar do subfinanciamento crónico que tem penalizado todos os que trabalham na cultura em Portugal. Prova disso é a exposição "Revolução Cinética". Aproveitem os feriados para visitar o Museu do Chiado.

Monday, June 2, 2008

RUA DA PRATA, 48-50: destruição de duas portas Arte Nova



Mais uma obra ilegal num antigo espaço comercial da Baixa, desta vez numa loja do periodo Arte Nova.

Durante o mês de Maio foi efectuada uma intervenção no interior de uma loja na Rua da Prata, 48-50 torneja para a Rua de São Julião, 84. As obras nunca tiveram qualquer identificação, como obriga a lei, e decorreram à porta fechada no maior secretismo.

A nova loja, inaugurada recentemente, é especializada na venda de "estatuetas de plástico da Nossa Senhora de Fátima & T-shirts da Selecção Nacional de Futebol". Portanto, um tipo de loja que ainda não existia na Baixa.

O novo arrendatário do espaço destruiu as duas portas de ferro forjado de estilo Arte Nova porque o elaborado design de 1900 não permitia uma boa visibilidade do interior da loja. Em seu lugar instalou duas portas de alumínio lacado de branco, de vidro único, como se pode observar na foto 1. A loja possui também uma entrada pela Rua de São Julião, onde ainda se mantém a porta original em ferro forjado como se pode ver na foto 2 (no entanto, esta porta é um trabalho mais simples em comparação com as portas que existiam na fachada principal).

Esta intervenção urbanística não teve nem aprovação da CML nem do IGESPAR.

A Unidade de Projecto da Baixa-Chiado e o IGESPAR já foram alertados para este novo caso de destruição de património. Pode ser que ainda se consigam recuperar as duas notáveis portas Arte Nova que foram arrancadas da fachada principal da loja.
Segundo os responsáveis da Unidade de Projecto da Baixa-chiado, é rara a semana em que não sejam embargadas obras ilegais na zona. Não estamos a conseguir travar estas perdas patrimóniais em zonas classificadas da cidade.

É inaceitável que em plena Rua da Prata ainda seja possível destruir uma frente de loja enquanto decorre o processo de classificação da Baixa como 'Monumento Nacional'. Já para não falar na candidatura a Património Mundial da Humanidade.