Saturday, March 29, 2008

Que exageros!

Uma parte do que escrevi aqui aplica-se à Baixa. Melhor: à zona riberinha.

Se é para escolher assim, preferia o Rui Costa

Começo a minha participação neste blogue, não escrevendo directamente sobre a Baixa projectada por Manuel da Maia e Eugénio dos Santos, mas de uma realidade que muito a condiciona: a Frente Ribeirinha.
Não é novo o interesse de iminentes advogados da nossa praça por Lisboa. Também não é novo que esse interesse apareça com uma retórica de militância e de desinteresse pelos valores terrenos, associados à ideia de um D. Sebastião "que faz falta".
Hoje, pode ler-se no Público (edição impressa mas em parte referido aqui) que José Miguel Júdice «ameaçou Sócrates de abandonar a Zona Ribeirinha» caso não obtivesse uma data para a constituição das respectivas sociedades gestoras. A notícia refere ainda, citando o famoso advogado, que «se o Presidente [da República] puser obstáculos, deixarei de fazer parte da sociedade", que chefiará a título gracioso».
Esta história também já não é nova, dado que durante a campanha eleitoral António Costa havia apresentado José Miguel Júdice como o único cidadão de Lisboa capaz de levar por diante este enorme desafio.
Eu, arquitecto (e provavelmente tendencioso), sempre me interroguei se não seria melhor nomear alguém que tivesse alguma coisa a ver com o planeamento de cidade, que tivesse conhecimentos técnico-científicos sobre as frentes ribeirinhas (lembrei-me das inúmeras teses de doutoramento e mestrado que existem sobre a frente ribeirinha de Lisboa) ou que o modelo de intervenção territorial fosse objecto de uma discussão pública sendo a nomeação decorrente desse processo. Mas não.
Imediatamente após a vitória de António Costa e, por designação do primeiro-ministro, José Miguel Júdice foi nomeado, aparecendo contra ventos e marés como o promitente salvador da nossa mal tratada frente ribeirinha.
É óbvio, que a perspicácia de Júdice não deve ser desvalorizada. Prevenindo eventuais críticas, conseguiu introduzir na notícia do Público algumas notas sobre os seus conhecimentos: «neste ano que passou dedicou "mais de 350 horas a estes assuntos". Sem quaisquer custos para o erário, sublinhou, visitou zonas ribeirinhas requalificadas na Europa, no Japão e nos Estados Unidos».
Contudo, após esta entrevista/notícia do Público há algo que me deixa muito preocupado. Embora, à primeira vista, seja do agrado de todos a forma militante como alguns advogados têm arregaçado as mangas para trabalhar em prol da nossa cidade, não deixo de me preocupar como irão sobreviver.
Como me parece evidente, José Miguel Júdice, a partir do momento que assuma funções como Presidente do Conselho de Administração da Sociedade para a Reabilitação da Frente Ribeirinha, deverá terminar toda e qualquer relação comercial que tenha (a título individual ou através das empresas em que participa) com operadores que actuem na zona ou que estejam interessados em actuar, o que lhe resultará num prejuízo.



De qualquer forma, se era para escolher assim (alguém que todos conhecêssemos, que tivesse capacidade económica para desempenhar o cargo sem remuneração, e que não implicasse ter os conhecimentos técnico-científicos para o cargo) preferia que tivesse sido nomeado o Rui Costa.
Em primeiro lugar, tendo António Costa sido eleito por apenas 56.751 eleitores dos 524.248 inscritos, a nomeação de uma referência benfiquista aumentaria consideravelmente a sua base social de apoio. Em segundo lugar porque, estando Rui Costa num momento de alteração de carreira, esta nomeação não lhe implicaria tanto com a vida, como aparentemente irá suceder com José Miguel Júdice. Por último, diria que com a nomeação de Rui Costa, se houvesse interesses para favorecer, poderíamos estar descansados que o Benfica estaria na primeira linha - o que nos faria viver mais felizes!

Friday, March 28, 2008

Projecto para a Baixa Pombalina

Seguindo o repto da CML e também de Paulo Ferrero aqui vai a proposta que apresentei como Tese de Mestrado nos EUA em 2003.

As propostas apresentadas para a Baixa na reunião publica da CML de ontem têm um generalizado consenso, e são substancialmente diferentes da anterior. No entanto e apesar de achar que o PDM e o seu regulamento assim como outros instrumentos de planeamento se encontrarem desajustados com a realidade, julgo ser prematuro fazer quaisquer alterações sem um plano de pormenor se encontrar pronto, apesar das propostas serem pontuais.

Congratulo-me com o principio base, enunciado por Manuel Salgado de que o plano já existe.

É o de Eugénio dos Santos para a reconstrução de Lisboa realizado em 1758. Sempre o afirmei!

Este plano deve ser a base de recuperação e revitalização da Baixa, tal como em Barcelona se prolongou a malha ou o plano de Cerdá “cozendo” a malha nos locais necessários.A proposta urbana pombalina, desenhada no século XVIII, coloca Portugal na vanguarda do planeamento urbano a nível mundial, e é referida como o primeiro Case Study no mundo de ground zero , por vários especialistas. Por reconhecer este mérito, da sua intemporalidade ou aquilo a que chamo “a inevitabilidade do passado” , realizei a minha tese de mestrado nos EUA, apresentando uma proposta para a reconstrução da frente histórica pombalina de Lisboa.

A minha tese teve como orientadores, excelentes professores de renome mundial, Carroll William Westfall, Norman Crowe, David Mayernik, Victor Deupi e Michael Likoudis, tendo este ultimo professor apresentado o meu projecto no AIA Congress (American Institut for Architects) no Union Club em Nova Iorque em Dezembro de 2003, por reconhecer que a base do desenho urbano tradicional é efectivamente a melhor solução para a revitalização das cidades. E que Lisboa é efectivamente o the best case study.

O professor Michael Likoudis é actualmente o Director da Escola de Arquitectura da University of Notre Dame, esta universidade da qual fui bolseiro é considerada pela revista Urban Land, como a 2ª melhor a seguir à UM (University of Miami) para no ensino do planeamento urbano da nova corrente New Urbanism.

Lisboa é a unica cidade com possibilidades de revitalizar de forma economica e socialmente seu centro historico sem descaracterizar o seu conjunto. Estou convencido que esta minha intervenção iria trazer largos benefícios económicos uma vez que os terrenos são maioritáriamente senão mesmo a totalidade do estado e da autarquia.

Uma intervenção que iria restabelecer e valorizar a frente histórica da cidade de Lisboa.

Os três principios fundamentais para a revitalização da Baixa são:
Terreiro do Paço


1º- Espaço urbano: Redefinir a Praça do Comércio, única no mundo, como a praça de excelência, não permitindo que os espaços urbanos vazios do Campo das Cebolas e o espaço materializado pelo Arsenal da Marinha possam competir directamente com o Terreiro do Paço.Esta situação obriga a: reformular o desenho da praça (desta forma o centro deixará de ser a estatua do rei e tornando a mais universal ou ecuménica); a necessária construção das coberturas dos torreões para acentuar a própria praça; a deslocação do terminal fluvial para Santa Apolónia realizando um verdadeiro interface de transportes tal como o do Cais do Sodré.


Campo das Cebolas
2º- Sistema viário: Redesenhar a avenida marginal com faixa central para electricos rápidos, afastando-a um pouco mais para a frente ribeirinha com cruzamentos à superficie, previligiando a praça em frente a Santa Apolónia, e o acesso pedonal ao rio.O facto de existir atravessamento viário fortemente semaforizado, e bossas ou desnivelamento nas passagens de peões (a nível com os passeios) irá obrigar não só a velocidades reduzidas como será dissuasor a sua utilização frequente como atravessamento da cidade. Aproveitamento da doca do Jardim do Tabaco para um mega estacionamento subterraneo.

Museu Militar

3º- Habitação: Componente fundamental a revitalização, o redesenhar da malha urbana permitirá a construção de novos quarteirões de habitação ao longo da frente rio. Estes edíficios teriam todos comercio no piso terreo mas com uma largura ou profundidade de 10m previligiando a frente de rua e portanto com mais montra enquanto que os pisos de habitação com 15m de largura, desta forma o logradouro ficaria sobrelevado (a uma cota de loja e sobreloja), desta forma permitindo estacionamento no interior do quarteirão sem caves. A capacidade do quarteirão em estacionamento define o numero e dimensão dos fogos.Restabelecer a aresta cidade-rio foi sem duvida a minha primeira preocupação, dando relevância à intenção do desenho urbano e sua natural evolução em deterimento de eventuais antiquarismos sem expressão numa cidade so século XXI. Por este motivo “fechei” o vazio urbano do Arsenal da Marinha e no Campo das Cebolas.



Arsenal da Marinha

Obviamente que existem situações pontuais, tal como a instalação de um elevador publico num prédio da Rua do Arsenal para levar as pessoas ao Largo da Biblioteca Nacional, utilizando para o efeito o logradouro e acesso existente entre edificios na Rua Victor Cordon, esta situação permitirá o prolongamento do Chiado comercial a Rua Ivens, e a reabilitação do Convento de São Francisco; o aproveitamento comercial das arcadas da Praça do Comercio; cruzamento desnivelado da Rua da Fundição junto ao Museu Militar constituindo um arco tal como o da Rua de São Paulo.



Como conclusão e demonstrando a inevitabilidade do passado, como inspiradora nas proposta para o futuro, a perspectiva desta minha proposta é apresentada como um painel de azulejos barroco, uma técnica tradicional portuguesa, a exemplo das muitas que retratam imagens por este mundo fora da nossa cidade de Lisboa.

Este trabalho foi realizado com o apoio de computador em 2 e 3D, redesenhados e transposto para papel, pintados a aguarela em formato A1. Mestrado concluído em 2003, como Bolseiro da University of Notre Dame, da FCG e da FLAD.


Gonçalo Cornélio da Silva

Thursday, March 27, 2008

Da falta de memória




“Cada nova vereação municipal traz uma ideia também nova, que começa, e a seguinte depois não acaba, para por seu turno iniciar outra, e assim por diante” (Ribeiro Christino, "Estética Citadina – Anotações sobre Aspectos Artísticos e Pitorescos de Lisboa", série publicada no 'Diário de Notícias' de 1911 a 1914)

Um dos aspectos que maior perplexidade causa nas actuais propostas da CML prende-se com a (aparente? real?) falta de memória em matéria de estudos realizados sobre a Baixa, nomeadamente no campo dos inventários do seu edificado.

Perplexidade tanto maior quanto, sem prejuízo de outros levados a cabo antes, o trabalho de maior fôlego e de maior alcance foi realizado há relativamente poucos anos pela extinta Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN). Trabalho, que para além de estar publicado e, em parte disponível no site daquele organismo, foi objecto de protocolo formal de colaboração com… a CML.

Entre os vários levantamentos da Baixa, lote a lote, que a DGEMN então produziu, figuram, entre outros:

- Hierarquia viária;
- Traçado urbano;
- Datação da reconstrução;
- Ritmos construtivos;
- Sistema construtivo;
- Número de módulos por lote;
- Azulejaria de interior;
- Perfil de utilização (dominante e piso a piso);
- Estado de conservação;
- Propriedade dos imóveis;
- Intervenções dissonantes.

Disponíveis em registo cartográfico – peça fundamental pela sua clareza, até como suporte à tomada de decisão -, estes levantamentos foram então complementados com alçados métricos rectificados, quarteirão a quarteirão. Publicados na revista Monumentos (n.º 21, de Setembro de 2004, dedicado à Baixa), estão em parte disponíveis online.

Apesar da sua importância, esse trabalho era referido de passagem na Proposta de Revitalização da Baixa-Chiado de Setembro de 2006 – quando se alude com vago entusiasmo à “continuidade dos inventários realizados pela SRU, pela DGEMN e pelo Gabinete da Baixa-Chiado”. Na revisão desse relatório, datada de 25 de Fevereiro último, e entre as “acções prioritárias a desenvolver pela autarquia em 2008 e 2009”, encontramos a “finalização dos levantamentos de caracterização do edificado da área de intervenção/aprofundamento da Carta [Municipal] do Património [ex-Inventário Municipal]". Sem se perceber muito bem se estes (novos) levantamentos de caracterização têm de novo por objecto a malha ortogonal da Baixa ou as suas franjas e ramificações.

Um inventário é, naturalmente, uma obra aberta, que tem de estar em constante actualização. Mas num país conhecido por duplicar inventários, não porque os leve a sério e os respeite, mas porque cada instituição acha que deve ter o seu, esquecendo o que está para trás, esperemos que este não seja (de novo) o caso.


Créditos imagem: alçado métrico rectificado de um dos quarteirões da Rua da Conceição (lado Sul); cartas de registo de sistema construtivo e de dissonâncias; Inventário do Património Arquitectónico da extinta DGEMN

Sinais premonitórios


“A incompetência e a ganância do homem, do lisboeta de raiz ou de importação, transformaram, para lá do limite do suportável, a imagem da Baixa e esconderam as suas enormes virtudes e potencialidades. Ao progressivo abandono da habitação, à invasão do comércio e serviços, muito além do necessário e tolerável, associou-se a vontade de alterar, tantas vezes ditada por motivos fúteis e passageiras inspirações modistas, ao mesmo tempo que a especulação tomou também ali o freio nos dentes, justificando ampliações e destruições que puseram em causa, objectivamente, o [seu] futuro (…). Repete-se, apenas como reparo, que o acto de criação da Baixa foi, antes de tudo, um exercício de vontade e que, para a concretização desse exercício foi necessário contar com todos, mas foi igualmente essencial lutar contra muitos. E, se é verdade que a História não se repete, é conveniente repetir o que a História ensina”.

(Excerto da comunicação apresentada pelo Eng. João Appleton nas Jornadas “A Baixa Pombalina e a sua importância para o Património Mundial”)

Nessas mesmas jornadas, realizadas em Outubro de 2003, um momento houve que as marcou de forma indelével: à chegada à mesa do então presidente da CML, Pedro Santana Lopes, o enorme painel alusivo aos trabalhos caiu subitamente da parede. Entre o cómico e o desconfortável que situações destas sempre suscitam, foi impossível à assistência não sentir um arrepio da primeira à última fila: era como um sinal premonitório.

O sinal premonitório repete-se hoje, como já antes da queda aparatosa desse painel acontecera tantas vezes no passado. Repete-se agora a coberto de um conjunto de “projectos estruturantes” e, lendo-se nas entrelinhas, de uma porta declaradamente aberta a uma bateria de intervenções irreversíveis, porventura bem mais graves que as clandestinamente realizadas na Baixa até aqui. Há muito que os apetites deixados livres pelo resto da cidade aguardavam por este momento: o de ver, em letra de forma, um sinal para avançar.


Créditos imagem: vista área da Baixa, s/data; Inventário do Património Arquitectónico da extinta Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN)

Wednesday, March 26, 2008

'Projectos estruturantes' (1): Acesso ao Castelo


Como parece que há uma grande confusão quanto à 'solução final' para facilitação do acesso ao Castelo desde a Baixa, passando por São Cristóvão e São Lourenço, aqui deixo alguns esclarecimentos que, sujeitos a confirmação pelos directamente interessados, poderão ajudar a deslindar alguns equívocos. Aqui vai:

Por alturas da obsessão de João Soares em 'importar' o elevador (Mecano, diga-se) de Santa Catarina, no Brasil, para o Boarratém, uma dupla de colegas da CML, os Arq. Tudela e Arq. Alves Coelho, decidiram desenhar uns 'bonecos' em jeito de provocação e laracha ao elevador a 'importar'. Tudela desenhou um funicular, Alves Coelho, um sistema de escadas rolantes por dentro de prédios (na Rua dos Fanqueiros e na Rua da Madalena) e da própria plataforma que sustenta o Castelo de São Jorge. Ambas as ideias apresentam dificuldades e são polémicas, como é óbvio. Mas são apenas ideias. Não há nenhum projecto, salvo prova em contrário.

Tal como não há nenhum projecto, e penso que nem ideia sob a forma de desenho, ou laracha, sobre o tal sistema de 'elevadores públicos', dentro do Mercado de Chão do Loureiro, o que poderá chocar, inclusive, com a transformação, desejada por todos (?), do mercado em silo para automóveis.

Não estou a ver como é que elevadores no edifício do mercado (irão, eventualmente, desde o plano do Largo do Caldas à Rua da Costa do Castelo) podem resolver o problema do acesso pedonal ao Castelo. E as filas de espera que se criarão de certeza? E os elevadores avariados? Qual a capacidade dos elevadores? Serão seguros? Videovigilância? 'Pinga, pinga'?

Creio que a melhor solução será a das escadas rolantes, com os seguintes troços:

1. Por dentro de prédio da Rua dos Fanqueiros (propriedade da CML e actualmente devoluto), do piso térreo desta rua para o piso térreo da Rua da Madalena (não é nada por aí além).
2. Transformação das escadinhas do Largo da Rosa e/ou das do Chão do Loureiro em escadas rolantes cobertas (exequíveis e completamente despercebidas, com solução estética compatível) até à Rua da Costa do Castelo.

O funicular implicará demolições na malha urbana. Haverá outras soluções, a começar por um serviço de navettes, grátis para moradores, desde cá de baixo até lá acima (faz-se em Capri, de e para Anacapri, por exemplo). Elevadores é que não me parecem uma grande escolha, nem a solução final; muito menos que justifiquem a suspensão de artigos do PDM. Mas é a minha opinião, claro, não mais que isso.

Tuesday, March 25, 2008

A Baixa é um símbolo

Acho que a Baixa se confronta nesta fase com três ou quatro frentes de problemas:
1. Problema físico: a ruína; 2. Problema humano: o deserto; 3. Problema financeiro: escassez de recursos públicos e provável gula dos privados (bancos à cabeça); 4. Problema de descrédito.
A Baixa está assente em estacas.
Que ninguém nunca esqueça isto.
A frente ribeirinha, o elevador que «matou» João Soares e o acesso mecânico que o meu amigo Guilherme Alves Coelho estuda há décadas... e o papel que pode estar reservado para ideias mirabolantes como aquela do Martim Moniz... são curiosidades que me mantêm «vivo».
Que a Baixa é um símbolo, não há dúvida. Que os símbolos às vezes são vilipendiados, isso já vi algumas vezes entre nós...
.
Paulo Ferrero,
Esta foi mais uma boa ideia que vocês tiveram: um Observatório para a Baixa. Obrigado pelo desafio. Quem será agora o sub-político que virá dizer que não temos registo legal na Conservatória?

Monday, March 24, 2008

Que Terreiro do Paço?


Que melhor símbolo para o estado actual da Baixa do que o Terreiro do Paço? Ele são espaços nobres abandonados, com rachas e sujidade (Arco da Rua Augusta e estátua de Dom José I); desordenamento do espaço público (há mais mupis e quiosques - colocados em placas de cimento - nos passeios do que peões); poluição (ar e sonora - automóveis, e visual - OVNI's ao Domingo, etc.); descoordenação CML/Carris/Metro; falta de esplanadas (e más, as que há); atentados ao património (veja-se, por exemplo, as janelas abertas no telhado do edifício do Martinho, feitas pelo próprio Estado; ou o alumínio aplicado nos perfis das janelas do torreão Norte), etc., etc.

Que futuro para o Terreiro do Paço? Hotel num dos edifícios? Árvores a emoldurar a placa central? Esplanadas de qualidade sob as arcadas? Museu do Terramoto? Museu da Reconstrução? Uma grande biblioteca? Ministérios, fora? Visitas ao Arco, restaurado? Feira aos Domingos? Trânsito desviado? Para aonde? Mais, menos mupis? Só eléctricos? Como contrariar o elemento vento?

Sunday, March 23, 2008

Nasceu o Observatório da Baixa

Caro(a) Amigo(a)


A Baixa volta a estar na ordem do dia da agenda dos poderes públicos. Voltam as ideias, as presunções e as tentações. Umas novas, outras velhas. Há mais de 30 anos que assim é.

Cumpre-nos, pois, enquanto alfacinhas, zelar pela Baixa e é isso que faremos, através deste Observatório, do nosso blogue (http://observatoriobaixa.blogspot.com) e do nosso site (http://observatoriobaixa.tripod.com), e de todas as formas de que nos lembremos.

Estaremos atentos à Baixa. Da Avenida da Liberdade ao Terreiro do Paço. Do Martim Moniz ao Bairro Alto. Do Cais do Sodré ao Campo das Cebolas.

Aqui faremos o nosso diagnóstico. Aqui denunciaremos casos, e aqui esperamos elogiar outros tantos. Daremos ideias. Haverá debate.

A Baixa conta connosco!

Gratos pela atenção

Observatório da Baixa