Saturday, March 27, 2010

LISBOA É...

...um notável portal barroco mas profusamente guarnecido de caixilharia de alumínio e cabos. Muitos cabos! Este imóvel está presente na Carta Municipal do Património. E pode ser visto na Rua de São Paulo, junto do Ascensor da Bica (MN).

Wednesday, March 24, 2010

Monday, March 22, 2010

LISBOA É...

...uma super pragmática consola de iluminação dos finais do séc. XX que veio substituir uma anterior do séc. XIX. Reabilitar? Restaurar e actualizar o mobiliário urbano histórico? Lisboa prefere descartar, destruir, abandonar ou vender. Os pormenores que ajudam a diferenciar Lisboa vão saíndo e assim empobrecemos e descaracterizamos o ambiente urbano lisboeta. A CML é, demasiadas vezes, avessa ao restauro e recuperação do mobiliário urbano histórico - principalmente os exemplares da primeira metadae do séc. XX. É assim no Boqueirão do Duro (perpendicular à Rua da Boavista), zona urbana classificada, Freguesia de São Paulo.

Thursday, March 18, 2010

Para que servem os passeios na Rua de São Paulo?

Peão voador? Espectáculo diário no passeio/passadeira da R. de S. Paulo torneja R. Nova do Carvalho.

Monday, March 15, 2010

Sinais da aceitação da inferioridade dos peões em Lisboa?

Sinais da aceitação da inferioridade dos peões em Lisboa? Sinais da falta de respeito pelos peões? Sinais da falta de fiscalização policial? Sinais de um modelo insustentável de mobilidade urbana? Sinais de privilégios injustificados? Sinais de egoísmo? Sinais de uma cidade doente e mal gerida?

Saturday, March 13, 2010

Para que servem os passeios na Rua de São Mamede?



Seminário Internacional "A CIDADE A PÉ"

A Câmara Municipal de Aveiro promove, no dia 18 de Março, o Seminário Internacional “A Cidade a Pé”, no Centro Cultural e de Congresso de Aveiro, entre as 9.00 e as 18.00.

O seminário surge no âmbito do Projecto Europeu de Mobilidade Active Access, integrado no programa Europeu Intelligent Energy Europe, do qual o Município de Aveiro é um dos 17 parceiros europeus que integram a rede de cidades promotoras de medidas de mobilidade.

Este evento pretende divulgar e discutir o objectivo principal do Projecto Europeu Active Access, que reside na promoção de políticas que aumentem a circulação ciclável e, sobretudo, pedonal nas pequenas deslocações dos cidadãos, ganhando consciência das hipóteses de compras, serviços e lazer na sua vizinhança. Estarão presentes representantes e especialistas dos diversos parceiros europeus.

O projecto europeu ambiciona conseguir uma redução do consumo de energia e emissões, bem como melhoria na saúde das populações, prosperidade do comércio tradicional e ainda o aumento do sentido de pertença a um lugar, reforçando os laços de vizinhança e implementando a urbanidade.

O projecto Active Access, tem como parceiros europeus, para além de Aveiro, uma rede constituída pela Universidade de Napier (líder do consórcio) e pelas cidades de Koprivnica na Croácia, L’Aquila em Italia, Szeged na Hungria, a Austrian Mobility Research, o município de Tartu na Estónia, a Agência de Energia de Harguita, o Club de Ciclistas da Hungria, o Centro Nacional de Saúde da Eslovénia, o Instituto Alemão de Assuntos Urbanos, a Agência de Energia Prioriterre de Annecy em França, a Agência de Energia de Ribera em Espanha, Cities 4 Mobility, Universidade de Chipre, Walk 21 e The Association for Urban Transition

A ficha de inscrição deverá ser enviada para: AA_walking@cm-aveiro.pt

Foto: o dia a dia dos peões na Travessa das Mónicas, no Bairro da Graça

Wednesday, March 10, 2010

SOS AZULEJO: Visitas Guiadas


Terminado o 1º ciclo de passeios SOS azulejo dedicados aos hospitais de Lisboa (em breve o SOS Azulejo divulgará um documento em prol da protecção destes edifícios, devolutos a médio prazo), vamos dar início a outros circuitos dedicados a palácios, conventos e ruas de Lisboa.

1º destes passeios terá como destino o Palácio do Marquês de Tancos e a Igreja de S. Cristóvão, na Mouraria e realizar-se-á no próximo dia 20 de Março, sábado, pelas 15.30h. A visita será guiada pelos eminentes especialistas Prof. Dra Ana Paula Correia e Dr. José Meco. Como habitualmente, a inscrição é gratuita mas obrigatória (com nome, instituição, contacto telefónico e se possível e-mail) para: museu.pj@pj.pt ou telef.: 219844232.

Fotos: Palácio na R. de S. Tomé, furto de paineis de azulejo

Tuesday, March 9, 2010

Lisboa é metade limpa e metade porca

Este edifício partiu de um convite que a CML fez em 1945 ao Arq. Cristino da Silva para um «Plano Parcial de Urbanização da zona compreendida entre a Praça dos Restauradores e a Praça D. João da Câmara». O projecto para este novo edifício que a Sociedade Industrial Aliança acabaria por erguer ficou pronto em 1948. Segundo os desenhos do projecto original sempre houve um piso recuado. Mas, conforme se vê nesta foto, o problema é que se acrescenta quase sempre um novo "piso" para as instalações técnicas (ar-condicinado, antenas de telemóveis, etc.). Enquanto a CML não exigir que as coberturas, em particular na Baixa, sejam rigorosamente tratadas também como "fachada" - a 5ª fachada - assistiremos à proliferação de telhados caóticos em toda a zona. Metade do imóvel foi vendido e remodelado para instalação de uma unidade hoteleira de 5 estrelas. Quanto à outra metade do edifício, está no estado em que se vê: a proprietária é a Caixa Geral de Depósitos e o seu arrendatário, os Serviços Sociais do Ministério da Justiça. Mais palavras para quê?

Monday, March 8, 2010

POSTAL DA BAIXA: passeio na Praça da Figueira

PRAÇA DA FIGUEIRA, 16-17: grelhas de drenagem de águas pluviais destruídas pelo estacionamento selvagem.

POSTAL DO CHIADO: passeio na Rua Serpa Pinto/Rua Capelo

Buraco num passeio "tapado" com cimento. Junto ao Governo Civil de Lisboa e do Teatro de S. Carlos. Quem foi responsável por isto?

Sunday, March 7, 2010

Rossio: «Brushing a partir de 5,90 euros»

Para quem estiver interessado, no Rossio o brushing é ainda mais barato que na Rua Augusta.

Friday, March 5, 2010

PUBLI-CIDADE: brushing na Rua Augusta a 8 euros


Esta cidade não é só para velhos

In Público (5/3/2010)Por Ana Rita Faria, Carlos Filipe, Inês Boaventura e José António Cerejo (textos), Enric-Vives Rubio (fotos)

«A capital tem muitas faces e em duas décadas viu mudar muitas caras. Uma viagem por quatro bairros históricos, à procura dos novos residentes

Os dois filhos pequenos de Isabel Saldanha, de 31 anos, já nasceram em Alfama. É neste bairro que vive, desde 2005, esta funcionária da Gebalis (empresa gestora dos bairros municipais de Lisboa), numa casa grande, toda remodelada, com vista sobre o rio. Nascida e criada em Paço de Arcos, no meio de vivendas e junto ao mar, Isabel escolheu Alfama porque queria viver numa aldeia dentro de Lisboa. "Não gosto de me sentir sozinha na cidade, fechada num condomínio, sem conhecer ninguém à volta." O marido, engenheiro, preferia uma casa em Campo de Ourique ou na Lapa, mas Isabel queria algo menos sofisticado. Queria "um diamante por lapidar".

No bairro típico do fado e dos santos populares, as gerações de peixeiras, pescadores e estivadores, originárias da Pampilhosa da Serra e de Ovar, já não vivem sozinhos nas vielas e nos becos apertados. Actualmente, entre 25 e 30 por cento dos 5100 habitantes do bairro são novos moradores. Muitos deles são o espelho de um fenómeno a que, na década de 1960, se deu o nome de gentrificação - a substituição de moradores antigos por novos, nem sempre num processo suave, muitas vezes com custos sociais e económicos elevadíssimos. É o contrário da desertificação dos centros, é o repovoamento urbano feito com determinadas gerações de características diferentes - numerosas vezes, uma excelente oportunidade para a especulação imobiliária encher os bolsos, quando as políticas públicas dão rédea solta.

Em Lisboa, aponta o geógrafo João Seixas, autor de diversos estudos sobre a capital, a gentrificação não se resume aos bairros classicamente históricos. Ela alarga-se a outros, mais recentes, como Alvalade, Campo de Ourique, nas Avenidas Novas. O sociólogo Manuel Villaverde Cabralsublinha, por seu lado, que a gentrificação em Lisboa "não é muito significativa, talvez com excepção de Alfama e do Castelo".

Em Alfama, como noutros locais, esta realidade tem protagonistas muito concretos, que encaixam numa espécie de retrato-robô: gente que adiou a idade do casamento e dos filhos, profissionais liberais ou do sector terciário, cujas opções de carreira e de vida familiar são também fortemente ditados pelos estilos de vida. "São jovens solteiros, casais com filhos de classe média-alta, que viviam na periferia e querem morar no centro, muitos deles ligados às artes e à cultura", explica Filipe Pontes, presidente da Junta de Freguesia da Sé que, juntamente com a de S. Miguel e de Santo Estêvão, delimitam o território ocupado por Alfama. Alguns dos recém-chegados ajudam a dar vida ao bairro. Abriram negócios, como ateliers de design, lojas gourmet ou de artesanato. E assim estancaram a sangria de população do bairro.

Segundo o último censo populacional (2001), Alfama tinha 5000 habitantes. Dez anos antes, eram mais de 7700. A população envelhecida foi desaparecendo naturalmente. Outros tiveram de abandonar as suas casas, no início do século, durante os projectos camarários de reabilitação. Nunca mais voltaram.

A especulação imobiliária não tardou e rapidamente os preços aumentaram. A pressão sobre os velhos residentes para "desimpedirem" prédios reabilitados intensificou-se. Os casos mais dramáticos acabaram em suicídio. Entre os novos moradores, também houve quem se decepcionasse com os "falhanços" da recuperação urbana, com o condicionamento do trânsito ou com a falta de equipamentos de lazer e foram-se embora. Mas outros, como Frederico Carvalho, parecem estar para ficar. A morar em Alfama há quase três anos, este director de formação do Instituto de Medicina Tradicional, de 36 anos, ainda se lembra do dia em que foi conhecer uma casa que tinha visto na Internet. "Era um sábado de manhã, cheio de sol, e mal cheguei ao Largo de S. Miguel vi logo a vida matinal, com os putos a correr atrás da bola e as velhotas a contar as novidades da semana." Antes mesmo de ver a casa, já tinha decidido que queria morar ali.

Os amigos estão sempre a pedir-lhe para os avisar quando souber de casas para arrendar. Um deles, Daniel Aboim, um advogado de 31 anos, deixou Odivelas em Janeiro. Foi a tímida vista de rio do seu pequeno apartamento junto à Estação de Santa Apolónia que o conquistou.

(Em perda de) Graça

É no cimo da Rua da Senhora do Monte que se encontra o miradouro homónimo, uma subida fácil, topo da mais alta colina de Lisboa, onde assenta a freguesia da Graça. Um sítio simples, encantador e idílico para a troca de juras de amor - até as mensagens de telemóvel, que não implicam subir a rua, terem semelhante efeito. Rua abaixo, outros hábitos ali se perderam: o cinema Royal deu lugar a um supermercado, num bairro onde abunda o comércio tradicional que, se não prospera, mantém vitalidade.

Cruzada a Rua Virgínia, encontra-se o Bairro Estrella d"Ouro, com nome em azulejos, ao lado do que foi o primeiro condomínio fechado da Graça. Não era tanto para jovens celibatários e bem instalados na vida como se apregoou durante o processo de venda, mas para jovens casais e com posses acima da média. Porém, são tão poucos que não fazem diferença na estruturação social do bairro.

O pior é o resto. António Paulo Quadrado, presidente da junta de freguesia (tem registo de 5900 recenseados), lamenta que a Câmara de Lisboa seja um grande senhorio - em 2007, dos 736 imóveis da freguesia 50 são da autarquia -, pois também deixa cair o seu património. "É um bairro histórico, de facto, mas muito esquecido, porque degradado: 36 edifícios estão em mau ou muito mau estado. Não tem havido acompanhamento na sua reabilitação, ou é tudo muito lento", diz.

Gentrificação é conceito que ainda não ganha terreno por aqui. "Tudo isto tem condicionado a entrada de novos residentes. O bairro é apetecível, há gente das artes que por aqui passa, aluga um pequeno apartamento, em razoáveis condições, mas acaba por sair por dificuldades com o estacionamento. Há gente que vem ver, gosta, adora as vistas, mas depois o trânsito leva-os de volta à origem."Paulo Sequeira, bancário, de 43 anos, entende bem o alcance do conceito, mas logo vai dizendo que não, que ali não tem entrado, ou se vai entrando é com suavidade imperceptível. Vai apreciando mentalmente, um a um, os agregados familiares seus vizinhos, e reforça a sua ideia: "Tirando as comunidades imigrantes - também o autarca da Graça as mencionou - não me parece que haja mais gente jovem, antes pelo contrário. A população está envelhecida."

"Quem não esteja adaptado desde cedo a viver no centro histórico não se mantém por muito tempo. Embora seja muito agradável ter no prédio do lado uma padaria, no outro a seguir uma farmácia, depois um talho, quatro ou cinco cafés, restaurantes, tabacaria, há grandes condicionantes: o estacionamento e a relação preço/qualidade das casas, e isto no caso das novas ou reabilitadas, porque a dimensão e tipificação das mais antigas já está desajustada das necessidades modernas."

António Paulo Quadrado reforça: "As pessoas gostam, mas a Graça é estreita, não estica nem comporta tanta viatura. E o grande senhorio que é a câmara faz as regras, mas depois não as cumpre."

Estratosférico Chiado

Salvador Roque de Pinho viveu fora de Portugal 27 dos seus 41 anos de vida. Quando regressou ao país, já lá vai quase uma década, o Chiado tornou-se a sua casa. Aqui, no bairro que este morador considera ser "talvez a melhor representação daquilo que é a alma alfacinha", Salvador encontrou "uma mistura de tradição e cosmopolitismo" que o converteu num apaixonado por esta zona.

Como Salvador e a sua mulher, têm sido muitos os que nos últimos anos têm escolhido o Chiado para viver. O presidente da Junta de Freguesia dos Mártires, Joaquim Guerra de Sousa, não tem números para ilustrar o fenómeno, mas garante que se tem assistido a um aumento populacional, tanto na sua freguesia como nas vizinhas, "contrariando a ideia que se tem de que esta é uma zona desertificada".

O mesmo diz Salvador Posser de Andrade, que há 15 anos tem uma sociedade de mediação imobiliária na Rua Garrett e que se lembra de frequentar o Chiado quando, ainda miúdo, os pais o levavam à missa. Segundo este empresário de 61 anos, os novos moradores são não só "endinheirados", ou não fosse este "o bairro com o imobiliário mais caro que existe em Lisboa", mas também "bastante instruídos, com sensibilidade pela cultura e um certo cosmopolitismo". "Quem não tem esses ingredientes não compra no Chiado", sustenta, lembrando que quem tem comprado casa no bairro são "de classes altíssimas", com e sem filhos, com profissões liberais, várias delas residentes no estrangeiro que vêem a aquisição como um negócio. "Houve uma viragem de mais de 180 graus", diz o empresário, lembrando que depois do incêndio esta zona ficou "completamente desertificada e sem interesse comercial". "Dado o preço das habitações, quem compra casa aqui conhece o Chiado e gosta efectivamente do bairro, tem um carinho especial por ele", diz por sua vez o presidente da Junta de Freguesia dos Mártires.

Para Salvador Roque de Pinho, que se confessa apreciador dos bairros históricos de Lisboa, essa nunca seria uma opção. "É um bairro com uma mistura de pessoas com muita vida e muito mundo", conta o quadro superior que mora com a família num apartamento recuperado no Largo da Academia Nacional de Belas-Artes. "É o centro da capital, mas ao mesmo tempo parece que se está numa aldeia, em que há miúdos a jogar à bola e pessoas a estender roupa na rua", descreve José Ricardo Monteiro, um setubalense que vive "há cinco ou seis anos" num prédio novo no coração do Chiado. O publicitário de 37 anos tem "uma série de amigos" que acabaram por se tornar vizinhos, todos "com poder aquisitivo superior à média" e vários dos quais desenvolvem a sua actividade profissional em ateliers na mesma zona. Tanto José Ricardo como Salvador Roque de Pinho acreditam que no Chiado existe um saudável equilíbrio entre o comércio tradicional e moderno, que se vai disseminando para lá das artérias mais centrais, e entre os moradores mais antigos e os mais recentes, que ocupam prédios que estavam devolutos ou tinham usos que não habitacionais. E essa renovação parece ser um movimento imparável, como atestam os muitos prédios em obra por todo o bairro histórico, por exemplo na Rua Ivens.

Castelo menos genuíno

No Castelo, como em Alfama, na Madragoa e nos restantes bairros históricos de Lisboa, o sonho de reabilitar sem abrir as portas à especulação e sem escorraçar a população residente vem pelo menos de há 20 anos. Foi nos início dos anos 90, com a coligação PS-PCP, a dirigir a câmara, que se consolidaram e generalizaram os gabinetes técnicos locais.

Duas décadas depois, os números oficiais apontam para cerca de 4600 fogos, camarários e privados, recuperados entre 1994 e 2007 com fundos estatais, mas os bairros continuam à beira da ruína - cheios de prédios entaipados e rodeados de andaimes enferrujados. E o objectivo essencial de preservar o que eles tinham de mais genuíno, os seus habitantes, está longe de ser conseguido. Pelos bairros vizinhos, pelos subúrbios de ambas as margens e por bairros camarários como a Quinta dos Ourives, em Marvila, é possível encontrar centenas de famílias deslocadas, à custa do orçamento camarário, por vezes há mais de uma década, à espera que as velhas casas - a que ainda chamam suas - sejam salvas da derrocada final.

O secretário da junta de freguesia, João Capelo, considera que por ali "a vivência se mantém mais ou menos como antes", embora não esconda o seu desalento por constatar que ao fim de 15 anos ainda falta recuperar mais de um terço do bairro onde moravam 597 pessoas em 2001 - sem contar com as muitas que continuavam deslocadas à espera de poder regressar - e que a qualidade do que foi feito deixa muito a desejar. Para este autarca, os novos residentes, que moram em casas particulares recuperadas, também não têm culpas no cartório: "Eles não mudam nada no bairro, integram-se perfeitamente e há uma boa convivência." Nas casas privadas "as rendas subiram depois das obras".

Já fora dos muros, mas com um sentimento de pertença ao Castelo, que se esforça por transmitir aos filhos, vive Ana Nuasco, 43 anos, documentalista, uma protagonista da atracção que o centro histórico de Lisboa exerce sobre muitos que vêm de fora. Originária de Setúbal, veio há 15 anos para o Bairro Alto, "porque era aí que a cidade palpitava mais, onde havia ambiente, beleza e carácter".

Depois saiu de Portugal e na volta, já lá vão 11 anos, não pensou duas vezes. Casada com um professor inglês, os olhos de ambos prenderam-se à Costa do Castelo, a extensa rua que corre por baixo e em volta das muralhas e que só à conta dela atravessa três freguesias: Socorro, São Cristóvão e São Lourenço, e Santiago, às portas do Castelo. "Nunca tivemos dúvidas de que queríamos comprar casa no centro da cidade. Sacrificamos o conforto de uma casa moderna nos subúrbios, mas estamos perto de tudo, há muita cultura, há a sensação de estarmos no centro, mas não sufocados. Temos o céu, o rio, as colinas..." Pela negativa, responde de imediato : "A única coisa que nos oprime um bocadinho é a falta de melhorias ao nível da limpeza urbana, a falta da cultura de cuidar do aspecto exterior das casas. Há pedras soltas na calçada há 11 anos. Isso começa a cansar.

"E o bairro, os velhos moradores, são-vos estranhos, vivem noutro mundo? "Não! Conhecemos muitas pessoas daqui, vamos à mercearia da esquina em que até temos fiado. Trocamos receitas, as pessoas comunicam muito umas com as outras, mas também nos damos com gente da Graça, de Alfama, do Castelo. "Sim porque o Castelo é que é a terra de Ana. "Identificamo-nos muito com o Castelo. Isto devia ser freguesia do Castelo. A minha filha anda na escola do Castelo e o muro do nosso jardim é a muralha do Castelo, onde os portugueses lutaram com os mouros. Espero que os meus filhos venham a dizer mais tarde que foram criados aqui!"

Para ela a rua é como se fosse a sua aldeia e nunca ali se sentiu uma intrusa. "Nem nunca senti que alguém me considerasse como tal, ou que a nossa presença e a dos muitos outros que para aqui vieram tivesse alterado a vida do bairro." Uma coisa pode, porém, ter acontecido com o aumento da procura: "A habitação é muito cara e é raríssimo aparecerem casas para vender ou arrendar, mas também há aqui casas de renda baixa e com famílias de poucos recursos."»

Foto: edifício abandonado no Largo do Chiado

«Roubou 16 igrejas de Lisboa em três meses»

In Diário de Notícias (5/3/2010) por ISALTINA PADRÃO

«Homem furtou 23 peças de arte sacra. Basílica da Estrela entre os templos atingidos.Nos últimos três meses um único indivíduo roubou pelo menos 23 peças de arte sacra em 16 igrejas de Lisboa. Os furtos foram todos praticados em plena luz do dia, e alguns em igrejas emblemáticas da cidade. O último foi realizado ontem de manhã na Igreja de São Paulo, tendo o larápio, de 40 anos, sido detido pela PJ a posteriori.

Às garras deste sujeito não escaparam peças expostas na Basílica da Estrela, na Igreja da Encarnação; na de São João de Brito; na da Graça; na de São Mamede ou na Igreja Matriz de Vila Franca de Xira. Esta é apenas uma amostra dos 16 espaços de culto agora assaltados e que, segundo a Polícia Judiciária (PJ), não têm medidas de segurança adequadas para impedir este tipo de furto (ver caixa).

Sem adiantar se os roubos de arte sacra têm aumentado, ao DN, o coordenador da secção de obras de arte da PJ, João Oliveira, disse que este é "um caso de grande importância pelo número de furtos praticados por um só indivíduo, num curto período de tempo e em que quase todas as peças já foram recuperadas". Ou seja: 22 das 23 referenciadas como tendo sido furtadas de Dezembro a 3 de Março.

Foi nas mãos de vários comerciantes que a PJ foi encontrar as referidas peças, tendo dois indivíduos suspeitos da prática do crime de receptação sido constituídos arguidos. O autor dos furtos é um indivíduo sem paradeiro certo e cuja única fonte de rendimento resulta da venda destes artigos. "Ele faz do roubo o seu métier e já esteve preso várias vezes pela prática deste crime", disse João Oliveira. O homem saiu da cadeia em Outubro e em Dezembro voltou a roubar»

Foto: Igreja de São Paulo

Wednesday, March 3, 2010

RUA DA (des)GRAÇA, 23-25

Primeiro esteve devoluto durante anos. Depois foi destruído por um fogo. Agora está abandonado e vandalizado. Nada mais que o típico percurso de milhares de imóveis da capital. E tanto podia ser um imóvel particular como municipal ou até do Estado. Podia ser na Baixa ou em Belém. É nesta cidade que quer viver?

Tuesday, March 2, 2010

Gostávamos de ver o Elevador de Santa Justa...

...mas parece que a CML ainda não percebeu que a Rua de Santa Justa, por razões óbvias, não deveria ser atravancada com quiosques e outros equipamentos que possam obstruir a vista de um dos monumentos mais emblemáticos da capital - o Elevador de Santa Justa. Com tantos arruamentos na Baixa pombalina, porque razão se escolheu a Rua de Santa Justa para instalação de quiosques? É mais um triste exemplo da falta de Urbanismo Comercial para a Baixa. E ainda por cima quiosques com este design, totalmente inadequado a um centro histórico classificado de importância nacional. Quem ganha com isto? Mais uma vez são as empresas como a JcDecaux e a Cemusa que nunca se inibem de explorar o espaço público dos Bairros Históricos.