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Wednesday, February 25, 2009

Cada vez mais o "cidadão-carro" é que decide a cidade

Um sinal de estacionamento proibido, no lixo. De facto, em Lisboa, o lugar certo para os sinais de proibição de estacionamento parece ser o lixo. Basta ser peão, e passear por qualquer freguesia da cidade, para o constatar diariamente. Talvez nenhuma outra sinalética na cidade seja mais desrespeitada do que esta. Sem um investimento nos transportes públicos, à escala metropolitana e em sintonia com o planeamento urbano, veremos melhores dias na nossa capital. A ficar para trás de ano para ano, de nada valem os mega projectos típicos de uma cidade com complexo de inferioridade. Não será uma torre do Arquitecto Foster, ou uma ostensiva terceira travessia do Tejo que vai por Lisboa a par das capitais desenvolvidas.

Voltando à escala da rua, não serão os pilaretes, nem muito menos a proliferação de sinalização vertical a proibir o estacionamento, que poderão alterar os comportamentos insustentávies cada vez mais enraízados na sociedade portuguesa. As questões estruturais da mobilidade urbana sustentável continuam por implementar. A crónica falta de visão apartidária do planeamento urbano estão a comprometer o futuro de Lisboa. Assim, e até que Município e Estado acordem e actuem, assistiremos ao agravar dos problemas da mobilidade. No vazio criado, vai crescendo a importância do transporte individual - porque os cidadãos não podem esperar 48 minutos por um autocarro.

Cada vez mais o "cidadão-carro" é que decide a cidade. É ele que decide que ali se constroi um parque estacionamento em vez de um jardim. É ele que decide que aquele arruamento vai ter o dobro das faixas de rodagem em vez de árvores de alinhamento. E é ele que agora quer decidir se pode ou não atravessar a Baixa, em prejuízo dos outros, do património, nas próximas décadas. Basta deste cidadão principal de Lisboa.

Foto: Terreiro do Trigo, Freguesia de São Miguel.

Saturday, January 10, 2009

World Monuments Fund: 2010 Watch nominations are now being accepted.

Cidadãos de Lisboa, candidatem monumentos em risco para o WORLD MONUMENTS WATCH de 2010!

2010 Watch nominations are now being accepted. Deadline for nominations is March 15, 2009.

The World Monuments Watch calls international attention to cultural heritage around the world that is threatened by the forces of nature and society. From archaeological sites to iconic architecture, cultural landscapes to historic city centers, the Watch identifies places of significance in need of timely action. Every two years, WMF accepts new nominations to the Watch, from which 100 are selected for listing. Watch listing provides an opportunity for sites and their nominators to raise public awareness, foster local participation, advance innovation and collaboration, and demonstrate effective solutions. The Watch nomination process also serves as a vehicle for requesting World Monuments Fund (WMF) assistance for select projects. More than 500 sites from over 110 countries have benefited from the seven cycles of the Watch; nearly half of these have received WMF grants, totaling $50 million.

Additional information about the 2010 World Monuments Watch and downloadable PDFs of the Guidelines and Nomination Forms are available at http://www.wmf.org/watch.html

Questions or concerns about the nomination or electronic submission process should be directed to watch@wmf.org

Foto: Teatro Capitólio (1925-1931) no Parque Mayer, o primeiro edifício de Lisboa a ser seleccionado para o Watch da WMF, apareceu na lista dos 100 monumentos mais ameaçados do mundo no ano de 2006 [ http://www.wmf.org/pdf/Watch_List_2006.pdf ]. A frente ribeirinha histórica de Lisboa seria uma forte candidatura para a lista de 2010.

Sunday, October 26, 2008

O CAIS DAS COLUNAS COMEÇA A EMERGIR...

Será que vai mesmo emergir tal e qual como era? Ainda lá se vêm dois feios e brutos molhes de pedras como que a estrangular as elegantes linhas sinuosas do cais barroco.
Isto sim, é o melhor do Terreiro do Paço. Não precisamos de bandas de música, nem de barracas de farturas. Dêem-nos isto e o silêncio.

Wednesday, May 28, 2008

Em boa hora?


Pegando no que escreveu o Mário Miguel, só para dizer que a ideia de reconverter o Tribunal da Boa Hora em hotel de charme (será que há charme que chegue para tanto hotel?) é velha de há 30 anos, ciclicamente reposta na agenda política, para mostrar 'preocupação' e 'vontade'. Trata-se de uma boa ideia, sem dúvida, mas que tem vindo a revelar-se inexequível, como se sabe. Oxalá vá em frente, finalmente, e que, também finalmente, o largo fronteiriço possa ser reabilitado, que está uma vergonha, mais a sua envolvente com prédios a cair. O que a Boa Hora tem a ver com Frente Ribeirinha, essa é que me escapa ...


Foto: JN

Wednesday, April 23, 2008

O Elevador de São Julião:





Pode ler-se no documento estratégico da Parque Expo, sobre a Frente Ribeirinha:

«Estabelecer uma ligação por elevador entre o Largo do Corpo Santo e o impasse à Rua dos Braganças /Rua Victor Cordon, ligando e articulando, também, equipamentos culturais relevantes.»

Ora, o caricato é que até à década de 20 (segundo relatos de Raúl Proença, no volume dedicado a Lisboa, nos incontornáveeis «Guias de Portugal») existiu o ascensor de São Julião, também conhecido por Elevador do Largo da Biblioteca (hoje Lg. Academia de Belas-Artes), funcionando até 1915. Era de um engenheiro afamado, o mesmo do Elevador de Santa Justa. No entanto, o mesmo progresso que o quer recolocar hoje (se bem que, esquisito, desde o Corpo Santo) ... desmantelou-o. Talvez fosse boa ideia reerguê-lo. Eis o que dele se conta nos arquivos da CML:

«Elevador de São Julião
Localização: Largo de S. Julião/Largo das Belas Artes
Autoria: Raoul Mesnier de Ponsard
Inauguração: 12 de Janeiro de 1897

O elevador do Município, também conhecido como elevador da Biblioteca ou elevador de S. Julião, foi o sétimo elevador a ser construído em Lisboa. A entrada fazia-se pela porta de uma residência particular, o n.º 13 de Largo de S. Julião, e a saída fazia-se igualmente por outra residência particular, pelo terraço do Palácio do Visconde de Coruche, no então Largo da Biblioteca. Funcionou até 1915.
Este elevador ficou ligado à intentona de 28 de Janeiro de 1908, conhecida como Golpe do Elevador da Biblioteca, em que conspiravam carbonários, republicanos e dissidentes progressistas. Foram presos António José de Almeida, Afonso Costa, Álvaro Poppe e mais suspeitos, num total de noventa e três conspiradores.»


(in Revelar Lx)
Fotos: Arquivo Municipal

Tuesday, April 8, 2008

«Frente Ribeirinha: Câmara discute plano que prevê investimento de 165 milhões»

O documento é 'bonito' e tem alguns pontos bem conseguidos. Mas, também tem umas coisas estranhas ... a começar por umas tais de 'rótulas de tráfego', certamente copiadas do Brasil, e que, dado a iminência do acordo ortográfico, os autores do estudo (a auto-elogiada Parque Expo) se esqueceram de traduzir. A ideia é semear rótulas por tudo quanto é sítio, nos chamados 'estrangulamentos'. À parte a bizarria, há outras coisas que convém esclarecer, desde já:

a) 1/2 Hotéis no Terreiro do Paço, nos edifícios do MAI (edif. entre a Rua do Ouro e a Rua do Arsenal/esquadra por detrás dos Paços do Concelho) e do MJ (edifício que ladeia o Arco). Que alas? Todos os andares? Que hotéis? Quantos quartos?

b) Parques de estacionamento subterrâneo no Largo do Corpo Santo e no Campo das Cebolas; sob o novo Museu dos Coches e sob o Jardim Vasco da Gama parece-me um exagero. Está-se a recuperar a Baixa e a Frente Ribeirinha para os carros? Para o négócio de quem constrói e/ou explora os parques? Não aprendem?

c) Construir-se uma passagem viária subterrânea defronte à estação ferroviária de Belém parece-me uma ideia rocambolesca e contraproducente (mais vaia terem deixado aberta a cancela e deixado lá estar o polícia sinaleiro (era mais castiço e não poluía visualmente). Passagens inferiores, só para peões.

d) Construção de um 'equipamento cultural' na Doca da Marinha, entre o Cais do Sodré e o Terreiro do Paço, é perigoso. Construção? Deixem aquilo liberto de monos, S.F.F.

e) Afinal de contas, a APL e o documento voltam a reafirmar o 'moderno terminal' de cruzeiros de Santa Apolónia como 'indispensável' para todo o objectivo. Alguém consegue entender porque razão os terminais da Rocha Conde d'Óbidos e a Gare Marítima de Alcântara não são passíveis de ser remodeladas e modernizadas? Não serão essas zonas mais funcionais para a atracagem de turistas? Para autocarros? Para uma visita a Lisboa, entrando pela porta de entrada e não 'caídos de pára-quedas' num bairro como Alfama? Não aprendem, mesmo.

Estar-se a afirmar, por todo o texto, que convém reaver para o Terreiro do Paço a sua centralidade política e depois colocar-se 2 hotéis lá, parece-me contraditório. Mas há mais contradições: o modelo Expo não é, como o texto indica, um sucesso. É um 'flop', urbanisticamente falando. Muito menos, as construções monolíticas do Cais do Sodré, das agências europeias, são uma nova centralidade do que quer que seja, nem um exemplo de boas práticas, é todo o contrário.


In Sol Online

Saturday, March 29, 2008

Se é para escolher assim, preferia o Rui Costa

Começo a minha participação neste blogue, não escrevendo directamente sobre a Baixa projectada por Manuel da Maia e Eugénio dos Santos, mas de uma realidade que muito a condiciona: a Frente Ribeirinha.
Não é novo o interesse de iminentes advogados da nossa praça por Lisboa. Também não é novo que esse interesse apareça com uma retórica de militância e de desinteresse pelos valores terrenos, associados à ideia de um D. Sebastião "que faz falta".
Hoje, pode ler-se no Público (edição impressa mas em parte referido aqui) que José Miguel Júdice «ameaçou Sócrates de abandonar a Zona Ribeirinha» caso não obtivesse uma data para a constituição das respectivas sociedades gestoras. A notícia refere ainda, citando o famoso advogado, que «se o Presidente [da República] puser obstáculos, deixarei de fazer parte da sociedade", que chefiará a título gracioso».
Esta história também já não é nova, dado que durante a campanha eleitoral António Costa havia apresentado José Miguel Júdice como o único cidadão de Lisboa capaz de levar por diante este enorme desafio.
Eu, arquitecto (e provavelmente tendencioso), sempre me interroguei se não seria melhor nomear alguém que tivesse alguma coisa a ver com o planeamento de cidade, que tivesse conhecimentos técnico-científicos sobre as frentes ribeirinhas (lembrei-me das inúmeras teses de doutoramento e mestrado que existem sobre a frente ribeirinha de Lisboa) ou que o modelo de intervenção territorial fosse objecto de uma discussão pública sendo a nomeação decorrente desse processo. Mas não.
Imediatamente após a vitória de António Costa e, por designação do primeiro-ministro, José Miguel Júdice foi nomeado, aparecendo contra ventos e marés como o promitente salvador da nossa mal tratada frente ribeirinha.
É óbvio, que a perspicácia de Júdice não deve ser desvalorizada. Prevenindo eventuais críticas, conseguiu introduzir na notícia do Público algumas notas sobre os seus conhecimentos: «neste ano que passou dedicou "mais de 350 horas a estes assuntos". Sem quaisquer custos para o erário, sublinhou, visitou zonas ribeirinhas requalificadas na Europa, no Japão e nos Estados Unidos».
Contudo, após esta entrevista/notícia do Público há algo que me deixa muito preocupado. Embora, à primeira vista, seja do agrado de todos a forma militante como alguns advogados têm arregaçado as mangas para trabalhar em prol da nossa cidade, não deixo de me preocupar como irão sobreviver.
Como me parece evidente, José Miguel Júdice, a partir do momento que assuma funções como Presidente do Conselho de Administração da Sociedade para a Reabilitação da Frente Ribeirinha, deverá terminar toda e qualquer relação comercial que tenha (a título individual ou através das empresas em que participa) com operadores que actuem na zona ou que estejam interessados em actuar, o que lhe resultará num prejuízo.



De qualquer forma, se era para escolher assim (alguém que todos conhecêssemos, que tivesse capacidade económica para desempenhar o cargo sem remuneração, e que não implicasse ter os conhecimentos técnico-científicos para o cargo) preferia que tivesse sido nomeado o Rui Costa.
Em primeiro lugar, tendo António Costa sido eleito por apenas 56.751 eleitores dos 524.248 inscritos, a nomeação de uma referência benfiquista aumentaria consideravelmente a sua base social de apoio. Em segundo lugar porque, estando Rui Costa num momento de alteração de carreira, esta nomeação não lhe implicaria tanto com a vida, como aparentemente irá suceder com José Miguel Júdice. Por último, diria que com a nomeação de Rui Costa, se houvesse interesses para favorecer, poderíamos estar descansados que o Benfica estaria na primeira linha - o que nos faria viver mais felizes!