In Público (23/4/2009)
«A criação de um centro interpretativo para os achados arqueológicos descobertos durante as obras do Terreiro do Paço é uma das hipóteses em estudo para divulgar aquele património, disse o vereador do Urbanismo na Câmara de Lisboa, Manuel Salgado.
A hipótese foi avançada numa reunião entre o vereador, o presidente do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar), o vice-presidente do instituto para a área da arqueologia e responsáveis da sociedade Frente Tejo, da EPAL e da Simtejo, entidades envolvidas nas obras que decorrem no Terreiro do Paço.
Na reunião foi decidido o levantamento da interrupção da obra devido à descoberta de achados arqueológicos, nomeadamente de uma muralha junto ao Cais do Corpo Santo. "A situação está controlada e nenhum atropelo foi cometido para não comprometer o calendário da obra", garantiu Manuel Salgado, referindo o "valor importante" dos achados.
"Não houve destruição de património. Assim que foram detectados achados foi dado conhecimento ao Igespar, que accionou as medidas preventivas", afirmou o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, durante a reunião da Assembleia Municipal que se realizou anteontem.
Diferente é a versão do responsável pela arqueologia náutica e subaquática do Igespar, Francisco Alves, que revelou ao PÚBLICO, em declarações anteriores, que houve um avanço das máquinas sobre os vestígios, previamente registados por desenho e fotografia, "sem autorização da tutela". Também o presidente do instituto, Elísio Summavielle, admitiu uma "precipitação" do empreiteiro.
A Assembleia Municipal aprovou uma moção do PSD condenando "veementemente" as "situações ocorridas" e exigindo do presidente da câmara "garantias sólidas" de que é capaz de "defender e salvaguardar o património histórico e arqueológico".
Numa recomendação apresentada pelo PSD, os deputados exigiram que o contrato local de segurança, que está a ser negociado com o Ministério da Administração Interna e que se prevê que abranja apenas a zona da primeira divisão da PSP, seja "aplicável a toda a cidade de Lisboa". Também António Costa revelou defender esse alargamento, frisando que "não há uma negociação fechada".
Também por iniciativa do PSD, a Assembleia aprovou uma moção repudiando "qualquer tentativa" da autarquia de propor alterações ao PDM para "acomodar interesses imobiliários do Governo".
Já ontem, na reunião do executivo camarário, Marcos Perestrello, vice-presidente da câmara, renunciou ao mandato autárquico na capital, considerando não ter condições para o exercer em simultâneo com a pré-campanha eleitoral em Oeiras, onde será cabeça de lista. PÚBLICO/Lusa»
E começou a jogatina partidária.
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