Wednesday, March 26, 2008

'Projectos estruturantes' (1): Acesso ao Castelo


Como parece que há uma grande confusão quanto à 'solução final' para facilitação do acesso ao Castelo desde a Baixa, passando por São Cristóvão e São Lourenço, aqui deixo alguns esclarecimentos que, sujeitos a confirmação pelos directamente interessados, poderão ajudar a deslindar alguns equívocos. Aqui vai:

Por alturas da obsessão de João Soares em 'importar' o elevador (Mecano, diga-se) de Santa Catarina, no Brasil, para o Boarratém, uma dupla de colegas da CML, os Arq. Tudela e Arq. Alves Coelho, decidiram desenhar uns 'bonecos' em jeito de provocação e laracha ao elevador a 'importar'. Tudela desenhou um funicular, Alves Coelho, um sistema de escadas rolantes por dentro de prédios (na Rua dos Fanqueiros e na Rua da Madalena) e da própria plataforma que sustenta o Castelo de São Jorge. Ambas as ideias apresentam dificuldades e são polémicas, como é óbvio. Mas são apenas ideias. Não há nenhum projecto, salvo prova em contrário.

Tal como não há nenhum projecto, e penso que nem ideia sob a forma de desenho, ou laracha, sobre o tal sistema de 'elevadores públicos', dentro do Mercado de Chão do Loureiro, o que poderá chocar, inclusive, com a transformação, desejada por todos (?), do mercado em silo para automóveis.

Não estou a ver como é que elevadores no edifício do mercado (irão, eventualmente, desde o plano do Largo do Caldas à Rua da Costa do Castelo) podem resolver o problema do acesso pedonal ao Castelo. E as filas de espera que se criarão de certeza? E os elevadores avariados? Qual a capacidade dos elevadores? Serão seguros? Videovigilância? 'Pinga, pinga'?

Creio que a melhor solução será a das escadas rolantes, com os seguintes troços:

1. Por dentro de prédio da Rua dos Fanqueiros (propriedade da CML e actualmente devoluto), do piso térreo desta rua para o piso térreo da Rua da Madalena (não é nada por aí além).
2. Transformação das escadinhas do Largo da Rosa e/ou das do Chão do Loureiro em escadas rolantes cobertas (exequíveis e completamente despercebidas, com solução estética compatível) até à Rua da Costa do Castelo.

O funicular implicará demolições na malha urbana. Haverá outras soluções, a começar por um serviço de navettes, grátis para moradores, desde cá de baixo até lá acima (faz-se em Capri, de e para Anacapri, por exemplo). Elevadores é que não me parecem uma grande escolha, nem a solução final; muito menos que justifiquem a suspensão de artigos do PDM. Mas é a minha opinião, claro, não mais que isso.

3 comments:

Tiago R. said...

As escadas rolantes terão custos muito mais elevados e vão ser um pesadelo de manutenção!

Pese embora o impacto paisagístico, acho que o elevador é muito mais funcional.

Paulo Ferrero said...

Tiago, mas qual elevador?
Os elevadores que a CML refere são elevadores comuns, dentro dos prédios ... imagina os elevadores dos Armazéns do Chiado, é isso.

r. said...

boas noites.
O assunto do percurso pedonal baixa-castelo foi estudado pelos alunos do Arq. Manuel Salgado, da Licenciatura em Arquitectura do Instituto Superior Técnico, durante o ano lectivo 2006/07. Eu próprio desenvolvi o projecto ao qual foi, recentemente, atribuído o Prémio Secil Universidades (na categoria de Arquitectura).

Quanto à questão de elevadores ou escadas rolantes, a minha opinião é de que estes são complementares: a escada rolante permite um fluxo contínuo enquanto que o elevador permite resolver várias situações de e acesso para todos.

É possivel e de fácil execução uma ligação assistida por meios mecânicos entre a baixa e o castelo, sem comprometer a envolvente paisagística da cidade e que resolva a acessibilidade aos bairros tradicionais, melhorando não só o acesso de turistas ao castelo mas também aumentar a qualidade de vida das pessoas que, de facto, habitam aquela zona da cidade.

o projecto pode ser consultado aqui: web.ist.utl.pt/luis.rasteiro (em projectos académicos, percurso pedonal assistido).

Cumprimentos