Esta obra, que visa a manutenção do uso habitacional, recebeu da CML licença para demolir integralmente o miolo do edifício a fachada tardoz e as duas empenas. Motivos? Dizem que apresentava um medíocre estado de conservação geral. Afirmam que a empena lateral apresentava ausência total de tinta. E dizem ainda que no interior, já adulterado, havia fendas, manchas negras de humidade e tectos com zonas de estuque caído, etc.. Mas a razão central para esta opção pela demolição em vez da reabilitação autêntica é outra já bem conhecida: o modelo de mobilidade insustentável que a CML, Estado e sociedade em geral continuam a alimentar cegamente. Porque afinal foi também aprovada pela CML a ampliação da área de implantação do edifício sobre o logradouro para permitir o habitual estacionamento subterrâneo para as viaturas de transporte individual. Por essa razão será mantido apenas uma parcela permeável do logradouro. E no alçado principal uma porta original dará lugar a esse simbolo ainda tão adorado, o "portão de garagem". De que vale então ser um imóvel em "Zona Histórica Habitacional" e em "Núcleo de Interesse Histórico" (PDM) e ainda estar na "Área de Protecção especial" de um "Monumento Nacional" (Palácio de S. Bento)? Em Portugal esta pergunta tem quase sempre a mesma resposta: «Fachada». Este será mais uma construção nova em Lisboa com uma máscara antiga.
É preocupante constatar que a arquitectura pombalina na BAIXA e CHIADO está a ser vítima também deste fachadismo, desta desvalorização dos conteúdos dos edifícios.
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